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A Semana na Imprensa

Paixão de Bolsonaro pela pesca esportiva coloca em risco proteção ambiental, denuncia revista francesa

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A revista M do jornal francês Le Monde traz em sua edição desta semana uma matéria de página inteira sobre o presidente brasileiro Jair Bolsonaro. O texto, assinado pelo correspondente do veículo no Brasil, fala do interesse do chefe de Estado pelo tema da pesca esportiva, uma de suas paixões, e de suas consequências para o meio ambiente.   

A política ambiental de Jair Bolsonaro é destaque na revista semanal do Le Monde.
A política ambiental de Jair Bolsonaro é destaque na revista semanal do Le Monde. Reprodução / Le Monde
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A reportagem conta que a pesca é um dos assuntos mais abordados por Bolsonaro durante as lives semanais organizadas pelo presidente. Reproduzindo informações publicadas pela imprensa local, o correspondente relata que, entre março e julho de 2019, das cerca de 9 horas de vídeo com o chefe de Estado, mais de 45 minutos foram dedicadas ao tema. Um espaço que, segundo os cálculos feitos por jornais brasileiros, seria maior que o tempo dado a assuntos como internet ou o uso de armas de fogo. “Dos 50 temas mais tratados, as privatizações aparecem em 28ª posição e o emprego em 44° lugar”, compara Le Monde.

“Bolsonaro adora o anzol”, lança o correspondente. “Esportista desde jovem, ele gosta de se colocar em cena com uma vara na mão”, continua, lembrando as imagens do chefe de Estado, em dezembro de 2019, fotografado na Bahia, pescando um tambaqui de 18 kg. “Simplicidade e virilidade: Bolsonaro cultiva a imagem do homem do povo”, escreve a revista.

No entanto, “o hobby presidencial tem consequências políticas”, comenta, explicando que, diante da pressão do poder, várias decisões do governo tiveram um impacto ambiental. O texto dá como exemplo o fato de que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) passou a autorizar a pesca em várias zonas do país, inclusive na Amazônia ou no Pantanal. “A medida apavorou os defensores do meio ambiente”, pontua o texto.

Mas a postura do presidente não é nenhuma surpresa, diz o correspondente. “Desde o início de seu mandato, Bolsonaro não parou de clamar sua vontade de revogar as leis que regulamentam o setor da pesca”. O chefe de Estado, lembra o texto, sempre reclamou daqueles que qualifica de “xiitas ambientais”.

Projeto de “Cancún brasileira”

Segundo a revista, o alvo atual do presidente é a Baia de Angra dos Reis e a Estação Ecológica de Tamoios, "uma excepcional reserva de biodiversidade” onde a pesca e a presença do homem são proibidas. O presidente, que contesta a pertinência da iniciativa, deseja desenvolver na região um megaprojeto turístico, com o objetivo de criar uma espécie de “Cancún brasileira”. O projeto fez suar frio as ONGs que defendem o meio ambiente, pontua o correspondente.

A reportagem comenta com ironia que o chefe de Estado conhece bem a região, pois foi exatamente em Tamoios que, em 2012, o então deputado foi pego em flagrante praticando pesca ilegal. Bolsonaro chegou a ser multado, mas a sanção foi “anulada” poucos dias antes de sua posse como presidente. “Alguns meses mais tarde, o funcionário do Ibama que o multou foi demitido”, finaliza o correspondente na revista do Le Monde.

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