“Temos que colocar o ministro da Educação no eixo”, diz presidente da Ubes
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Ouvir - 06:57
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) lançou na terça-feira (26) uma campanha para os estudantes filmarem problemas de suas escolas e encaminharem as imagens para o Ministério da Educação (MEC). A iniciativa é uma resposta à carta do ministro Ricardo Vélez Rodriguez, que orientava diretores de escolas a gravarem e enviarem ao governo imagens de alunos cantando o hino nacional nas escolas.
“Convocamos os estudantes para mostrarem os reais problemas das escolas brasileiras”, explica Pedro Lucas Gorki, presidente da Ubes.
Segundo ele, a carta do ministro é “absurda” e mais do que atentar contra o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), à laicidade do Estado e promover o slogan de campanha de Jair Bolsonaro, traz como risco maior desviar das verdadeiras prioridades das escolas do país.
“O que as escolas no Brasil, principalmente as públicas, estão pedindo e precisando é de mais investimentos. As prioridades são muitas outras”, afirma, ao citar como exemplo a renovação Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
No primeiro dia da campanha, que foi lançada por meio de um vídeo na internet acompanhado da hashtag #MinhaEscoladeVerdade, cerca de 50 vídeos já foram filmados e enviados ao ministério. Alguns deles mostram problemas nas estruturas das escolas, como rachaduras no teto e goteiras.
“Queremos que os estudantes gravem problemas reais de escolas reais”, reafirmou. A campanha vai ser atemporal porque, de acordo com Gorki, os problemas não vão ser resolvidos a curto prazo. “A questão da Educação não é apenas de governo, mas de projeto de país. Existe há muito tempo um projeto de sucateamento da escola pública”, denuncia o estudante.
Com a repercussão da campanha, o presidente da Ubes observa que os objetivos de mobilizar a base da entidade e dos estudantes secundaristas já começam a ser atingidos, assim como a sensibilização de uma parcela da população.
Como parte da pressão contra o governo Bolsonaro, do qual a Ubes já se posicionou como oposição, membros da entidade estiveram em Brasília para acompanhar a audiência do ministro Vélez Rodrigues na comissão do Senado sobre Educação.
“Fizemos um protesto e o movimento estudantil fará uma onda de pressões para colocar o ministro Ricardo Vélez no eixo, no lugar dele, que é o de pensar uma educação gratuita, universal e de qualidade”, afirmou.
“Vamos continuar a pressão através dessa campanha e de outras mobilizações”, garante.
A Ubes e outras entidades estudantis convocaram para o dia 28 de março uma Jornada de Luta para lembrar os 51 anos da morte de Edson Luís, estudante secundarista morto no Rio de Janeiro pela ditadura militar. “A data é muito especial. Nossa pauta de mobilização em muitas cidades vai centralizar na defesa da educação, da liberdade e do Brasil”, afirma.
Presidente da UBES desde dezembro de 2017, Gorki integra um grupo de estudantes processados pelo então candidato Jair Bolsonaro por terem feito campanha política no segundo turno para o candidato petista Fernando Haddad.
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