“Será que o Brasil pode se recuperar após esse ano louco?”, pergunta jornal francês
Já em ritmo de retrospectiva, o jornal francês Les Echos desta quarta-feira (14) faz uma análise da situação brasileira em 2016. O diário diz que vai ser difícil relançar a economia do país após um ano marcado por turbulências.
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Thierry Ogier, correspondente do jornal no Brasil começa texto contando um protesto recente na Câmara dos Deputados, quando manifestantes interromperam a sessão pedindo um golpe de Estado. Para o jornalista, mesmo as chances dos militares voltarem ao poder são mínimas, o episódio resume bem “o ano louco” vivido pelo Brasil, que “não consegue encontrar a serenidade necessária para se recuperar”.
Segundo o correspondente do Les Echos, “a crise política resultou na destituição de Dilma Rousseff, mas as feridas deixadas pela corrupção e a recessão se mostraram muito mais profundas que o previsto”, e o país ainda tem dificuldade de se reerguer. O texto comenta que um dos estopins da crise foi o escândalo da Petrobras e explica para os leitores franceses a operação Lava Jato, “que continua fazendo suar frio boa parte da classe política” brasileira.
Temer é fruto do sistema tradicional
Ogier lembra que o ex-presidente Lula aparece entre os acusados, assim como vários ex-ministros. Porém, o atual chefe de Estado Michel Temer também foi incluído recentemente na lista dos suspeitos, ressalta Les Echos. “A substituição de Dilma por seu vice não coloca fim na crise, pois o novo presidente também é um fruto do sistema político tradicional e não corresponde à renovação desejada pela população e pelos investidores”, analisa.
O texto também faz um balanço da economia, confirmando a queda do PIB este ano e o índice de investimentos, que “despencou 28% em três anos”. Mesmo assim, as novas regras no setor de petróleo, além de uma abertura provocada pelo início de privatizações, (na distribuição de eletricidade e aeroportos), podem atrair investidores estrangeiros, estima o jornalista.
O correspondente do jornal tenta terminar com uma ponta de otimismo, lembrando que “o Brasil é uma das principais economias do planeta, e os investidores sabem que ele é incontornável”. No entanto, “antes do gigante latino-americano se reerguer, ainda terá que controlar os fatores de instabilidade, como a luta contra a corrupção. Mas ainda estamos longe disso”, conclui o jornalista nas páginas do Les Echos.
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