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Temer/argentina

Presidente brasileiro é recebido na Argentina com manifestação “Fora Temer”

Michel Temer chegou nesta segunda-feira (3) a Buenos Aires e se encontrou com o colega Mauricio Madri na residência presidencial de Olivos. Do lado de fora, centenas de pessoas protestavam contra a presença do brasileiro.

Michel Temer é recebido com manifestação em Buenos Aires.
Michel Temer é recebido com manifestação em Buenos Aires. Marcio Resende/RFI
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Márcio Resende, correspondente em Buenos Aires

Além das eleições municipais no Brasil, que Temer considerou "esplêndida" para a base parlamentar do governo, presidentes do Brasil e da Argentina falaram sobre o plebiscito na Colômbia, sobre o ultimato ao venezuelano Nicolás Maduro e sobre as manifestações contra o brasileiro. Michel Temer disse que a elevada abstenção do domingo (2) de eleições municipais no Brasil foi um recado das urnas, mas negou que fosse apenas contra o PMDB, partido que presidiu durante 15 anos.

"Há uma decepção, sem dúvida alguma, com a classe política em geral. A abstenção foi realmente muito significativa. É um recado à classe política brasileira para que reformule eventuais costumes inadequados", admitiu em coletiva de imprensa. "Acho que todos os partidos receberam o recado: 'cuidem-se aqueles que estão na classe política'. Agora, mais do que nunca, nós temos que nos conscientizar de que é preciso mudar os hábitos no Brasil", interpretou.

O presidente minimizou o mau desempenho do seu partido nas grandes cidades brasileiras como Rio de Janeiro e São Paulo, e preferiu apontar para a capilaridade eleitoral do PMDB no resto do país. "Nós sempre fazemos o maior número de prefeituras. Nós não diminuímos o números de prefeituras. Acho que aumentamos seis ou sete Prefeituras em relação números de prefeitos que fizemos na eleição passada", comparou. "Mas eu não participei de nenhuma campanha. Eu não saí da sala da Presidência da República", refletiu para inocentar a sua responsabilidade sobre os resultados nas capitais.

"Os partidos da base do governo tiveram uma eleição esplêndida em capitais e em municípios. Isso é fundamental para a nossa base parlamentar, especialmente agora que temos de aprovar medidas", observou Temer, confirmando que "não entrará na campanha para o segundo turno".

Manifestantes gritam "Fuera Temer"

Enquanto se reunia com Macri, manifestantes gritavam "Fora Temer" e palavras de ordem contra o que eles chamam de "golpe". Michel Temer demonstrou saber dos protestos que, segundo ele, são naturais depois de um impeachment.

"Realmente há protestos. São naturais na democracia, especialmente tendo o rescaldo desse último acontecimento que se deu no país. Eu não me incomodo, não", garantiu, negando que tenha antecipado sem aviso o seu horário de votação no domingo para fugir de protestos.

"Estava programado para eu votar num determinado horário, mas surgiu um compromisso e eu fui votar às 8 horas da manhã", explicou. E concluiu com ironia: "A imprensa registrou a minha presença. Agora, se havia protesto mais tarde e eu evitei, tanto melhor para mim e para a democracia", concluiu sorrindo.

Temer acredita em paz na Colômbia

Outra eleição à qual se referiu foi o plebiscito na Colômbia, onde a rejeição ao acordo de paz entre o governo e as Farc superou o "Sim" por menos de 58 mil eleitores ou 50,2% dos votos. Temer disse desejar que seja possível chegar à paz, mesmo com o resultado adverso.

"Nós ansiamos ainda por uma solução de paz na Colômbia. O nosso desejo é que chegue a um bom termo a paz na Colômbia. É útil para o Estado colombiano e é útil para todos os Estados da América do Sul", considerou.

Michel Temer e Mauricio Macri em Buenos Aires (3/10/2016).
Michel Temer e Mauricio Macri em Buenos Aires (3/10/2016). Presidência da Argentina

Ao seu lado, durante a coletiva na residência presidencial de Olivos, o presidente Mauricio Macri também disse acreditar que a Colômbia vai continuar a procurar vias alternativas para a paz e que esse caminho só é possível se o cessar-fogo for mantido.

"Acreditamos que a Colômbia continuará procurando vias para a paz importante não só para os colombianos, mas para a América Latina inteira. É fundamental que continue o cessar-fogo para que realmente haja um espaço onde se possa encontrar alternativas. Esperamos que sejam geradas as condições para que as negociações continuem", pediu. "Seguramente muitos dos que votaram contra devem querer o mesmo, mas queriam outro tipo de acordo", refletiu.

Temer e Macri pedem respeito aos direitos humanos na Venezuela

Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai deram prazo até 1° de dezembro para a Venezuela incorporar a normativa do Mercosul. Caso contrário, deixará de ser membro pleno. Mas tanto Michel Temer quanto Mauricio Macri deixaram claro que o ultimato envolve ainda outra exigência tácita: o respeito aos direitos humanos.

"Temos preocupação com a preservação dos direitos políticos e dos direitos humanos na Venezuela. É uma questão do governo que lá se encontra neste momento", acusou Temer. "Pelo lado brasileiro, nós temos a convicção ou a esperança de que até dezembro esses requisitos se cumpram e a Venezuela possa integrar-se definitivamente ao Mercosul. Esta é uma posição uniforme dos quatro países do Mercosul", indicou.

Macri seguiu na mesma linha: "É muito mais preocupante o que está acontecendo em termos de violações dos direitos humanos e da não aceitação por parte do governo da Venezuela sobre o referendo revogatório", acrescentou.

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