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Especialistas sublinham ausência de ministros negros no governo Temer

Homens, brancos, na faixa dos 50 e 60 anos. Este é o perfil padrão dos políticos brasileiros, de acordo com os dados do Observatório de Elites Políticas e Sociais do Brasil e que foi fielmente reproduzido na nova equipe do presidente em exercício, Michel Temer. Nenhuma mulher e nenhum representante de minorias estão no primeiro escalão do governo interino.

Presidente interino Michel Temer realiza primeira reunião ministerial nesta sexta-feira (13), em Brasília.
Presidente interino Michel Temer realiza primeira reunião ministerial nesta sexta-feira (13), em Brasília. Isaac Amorim/MJ
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Para Ivone Caetano, desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, mais grave do que a ausência de mulheres no novo ministério é a falta de diversidade racial da nova equipe. Ela foi a primeira mulher negra desembargadora do Estado do Rio e a segunda do Brasil. “A maior opressão que se têm aqui não é de gênero, é étnica-racial”, afirma.

No entanto, a desembargadora mantém uma atitude otimista e acredita que, apesar de não incluir mulheres e minorias em sua equipe de governo, o presidente interino não deve promover grandes mudanças nas políticas referentes às minorias no Brasil. “Até agora, PT e PMDB sempre caminharam lado a lado, compunham juntos o governo. E os projetos que estavam sendo desenvolvidos eram, logicamente, tocado por ambos os grupos políticos. Se houver grandes mudanças com relação a isso será uma traição, um retrocesso”, avalia.

Projeto regressivo e conservador

O professor de ciência política da Universidade Federal do Paraná e coordenador do Observatório de Elites Políticas e Sociais do Brasil, Adriano Codato, é menos otimista. Apesar de atestar que a falta de diversidade na política não é novidade no Brasil, ele acredita que a nova equipe dá indícios de como deve se comportar o novo governo. “A ausência da diversidade de gênero, social, de cor de pele é o reflexo de um projeto regressivo e muito conservador”, afirma.

Prova disso é que, entre os ministérios que deixaram de existir na reforma proposta por Temer está a extinção do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. “Esta ação deixa clara uma estratégia conservadora de gestão, cuja face mais aparente é a masculinização do gabinete”, completa.

Historicamente, a presença de minorias no primeiro escalão dos governos é bastante baixa. De acordo com Codato, no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, as mulheres representavam apenas 2% dos ministros. Durante o segundo mandato de FHC, nenhuma mulher chefiou ministérios. Com a eleição de Lula, este índice subiu para 12% e seguiu a mesma tendência no segundo governo de Lula e nas duas administrações de Dilma Rousseff.

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