Libération diz que afastamento de Cunha não marca “limpeza na política brasileira”
O jornal francês Libération publicou nesta sexta-feira (6) um editorial comentando o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados. Para o jornal, a ação não terá nenhum efeito prático sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, que o Libération avalia como “uma negação da democracia”.
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“Infelizmente, o afastamento da Eduardo Cunha não significa o pontapé inicial de uma grande limpeza na política brasileira. Em primeiro lugar, o seu substituto na Câmara dos Deputados é um de seus fiéis escudeiros”, afirma o editorial.
Cunha é descrito como um “estrategista maquiavélico”, que usou o pretexto das pedaladas fiscais para “oferecer a cabeça da presidente” e preservar a sua própria, já que ele fez uso de manobras para atrasar o trabalho da Justiça que o investiga sobre desvios de fundos.
O periódico diz ainda que, ao que tudo indica, o Senado irá ratificar a decisão dos deputados e à Dilma caberá apenas “arrumar as malas e dar sua cadeira para o vice-presidente, Michel Temer, que também está sob investigação da Justiça”.
O perfil de Cunha é traçado como o de um político da bancada evangélica, ultraconservador e pertencente ao mesmo partido do vice-presidente da República. O Libération afirma ainda que, de acordo com pesquisas, 90% dos brasileiros têm uma má imagem de Cunha, uma vez que ele é associado à corrupção e ao nepotismo.
No entanto, o jornal afirma que personagens como ele são fundamentais no jogo de alianças, “essenciais para a formação de qualquer governo no Brasil”. O Libération lembra que o PMDB se aliou ao PT em troca de ministérios, atraído pela perspectiva de alcançar o poder sem passar pelas urnas.
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