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Libération questiona se imprensa brasileira desestabilizou governo Dilma

A 48 horas da votação do impeachment na Câmara dos Deputados, o jornal Libération diz nesta sexta-feira (15) que Dilma Rousseff está em uma situação delicada. "Ela perde diariamente antigos aliados e luta, sozinha contra todos, para evitar sua destituição."

Jornal francês Libération traz reportagem sobre a crise política no Brasil.
Jornal francês Libération traz reportagem sobre a crise política no Brasil. liberation.fr/ RFI
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A direita tem pressa em empurrar Dilma para fora do governo, observa o jornal de esquerda. Nessa nova reportagem sobre a crise política, Libération questiona se "a imprensa conservadora do país, nas mãos de um punhado de famílias da elite, foi um fator de desestabilização do governo, conforme acusa o Partido dos Trabalhadores (PT)".

O cientista político João Feres Jr., coordenador do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (Lemep), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), ouvido pela reportagem do jornal francês, acredita que sim. Ele afirma que a cobertura da crise foi "militante e tendenciosa". "Grandes grupos de mídia − Globo, Abril e grupo Folha, por exemplo − sempre defenderam seus interesses econômicos, supostamente ameaçados pela esquerda", afirma o especialista à reportagem.

Imprensa conservadora, polemista e sensacionalista

Libération relata que a revista Veja − descrita como uma publicação "polemista de direita, adepta de capas sensacionalistas" − elegeu o ex-presidente Lula "como o homem a ser eliminado". A concorrente Istoé combate ferozmente a presidente Dilma, acrescenta o diário, evocando a matéria na qual Dilma teria destruído móveis no Palácio do Planalto num ataque de raiva.

Citando a Folha de S.Paulo, Libération observa que os grandes jornais cotidianos desfrutam de maior prestígio e são menos exaltados, mas também publicam editoriais sulfurosos contra o governo e o PT. Incontestavelmente, é a Rede Globo que cristaliza o ódio dos defensores do PT, diz o Libération, lembrando que a emissora conseguiu, em 1989, impedir a vitória de Lula contra Collor, e recentemente soube, antes do restante da imprensa, da operação policial deflagrada para prender Lula em seu apartamento.

O editorialista Eugênio Bucci, ex-diretor da Radiobras no governo Lula, também entrevistado pelo Libération, reconhece que existe preconceito da mídia contra Lula e parcialidade da imprensa − "favorável ao rival Aécio Neves (PSDB)" −, mas relativiza a perseguição ao PT. Na opinião de Bucci, "o PT não compreende o papel da imprensa e erra ao se colocar em posição de vítima, quando deveria prestar contas dos seus atos em 13 anos de governo".

Tendência é de aprovação do impeachment, diz Les Echos

O jornal Les Echos registra a debandada na base aliada do governo e a possível aprovação do impeachment pelo plenário da Câmara dos Deputados, no domingo. Diário de tendência liberal e especializado em economia, Les Echos observa que enquanto a crise política chega ao ápice, no Brasil, o Fundo Monetário Internacional (FMI) lança uma grave advertência ao país sobre a degradação das contas públicas, com uma perspectiva de dívida pública em torno de 90% do PIB em 2021.

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