Acessar o conteúdo principal
Análise

Le Monde vê governo Dilma em beco sem saída

O caderno de Economia do Le Monde, com data de 1° de setembro, destaca a crise política no Brasil e seus reflexos sobre a economia. O jornal relata que a presidente Dilma Rousseff teve de renunciar ao retorno da CPMF, que poderia diminuir o déficit público. "Dilma parece incapaz de agir ante o agravamento da crise", observa o diário francês.

Reprodução
Publicidade

Le Monde constata o isolamento da presidente brasileira. "Abandonada pelos antigos aliados, contestada pelo empresariado e vaiada nas ruas pelos conservadores e desiludidos com o Partido dos Trabalhadores", Dilma navega à vista, escreve o diário, ou seja, de acordo com as circunstâncias.

O jornal considera que a CPMF ou "imposto do cheque" tinha o mérito da simplicidade, mas diante da gritaria dos empresários e da dificuldade em obter apoio do Congresso, "Dilma voltou atrás três dias depois de propor a medida".

Governo está "perdido"

Entrevistado pelo jornal, o professor de Ciências Políticas Carlos Alberto de Mello, do Insper, de São Paulo, diz que o governo está perdido, "sem estratégia, não sabe o que fazer para enfrentar a crise". Mello acredita que diante dos "sérios problemas de déficit orçamentário, a única saída para o governo é reduzir as despesas, já que não consegue aumentar os impostos".

O passo atrás na CPMF ilustra o beco sem saída no qual se encontra o poder, diz o Monde, no momento em que o Brasil é afetado pela turbulência na China, principal parceiro comercial do país. As previsões feitas pela maior parte dos economistas são pessimistas: queda do PIB superior a 2% até o final do ano e desemprego de 7,5% em julho, contra 4,9% no mesmo período no ano passado.

Le Monde nota que os problemas na China não são os únicos responsáveis pelo declínio da economia brasileira. É consenso entre especialistas que o Brasil não soube aproveitar os ganhos que acumulou com a valorização das matérias-primas, fazendo investimentos em infraestrutura e na indústria. Com a perspectiva de uma queda ainda maior nos preços das matérias-primas, de 30% a 50% nos próximos meses, a situação do Brasil é mesmo grave, repete o Le Monde, reproduzindo um comentário do economista Michael Pettis para o jornal "Folha de S.Paulo".

Isolamento

A presidente Dilma parece incapaz de controlar a situação, enfrequecida pelo escândalo de corrupção na Petrobras, reitera o diário francês.

"O governo não pode lançar mão de um programa de estímulo, porque o endividamento de 66% do PIB incita as agências de notificação de risco a rebaixar a nota da dívida soberana brasileira quase à categoria de 'especulativa'", afirma o jornal.

O único consolo para a presidente é que, mesmo insatisfeitos, os empresários são contra o impeachment, como declarou recentemente o banqueiro Roberto Setúbal, presidente do Itaú-Unibanco.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.