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Eleições/Brasil/Economia

Dilma deve encontrar estratégia para dinamizar a economia, diz cientista político

Embora a presidente reeleita Dilma Rousseff tenha anunciado que irá mudar sua equipe de governo no segundo mandato, entre eles, o ministro da Fazenda, o cientista político da Sorbonne, Stéphane Monclaire, avalia que a medida não será suficiente para convencer o eleitorado. Para ele, é fundamental que a líder petista encontre, antes de tudo, soluções para alavancar a economia brasileira.

A economia é o grande desafio do novo governo.
A economia é o grande desafio do novo governo. REUTERS/Ueslei Marcelino
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“Não é um ministro que define a política econômica do país. É um grupo de pessoas que precisa encontrar uma estratégia para dinamizar a economia brasileira. Ela necessita urgentemente de crescimento”, avalia Monclaire.
Apesar da vitória, o cientista ressalta que o Partido dos Trabalhadores não pode se deixar iludir pelo resultado. “Dilma foi reeleita com uma diferença muito pequena em relação ao candidato do PSDB, Aécio Neves, e com um resultado muito fraco em comparação às eleições anteriores”, diz.

De acordo com Monclaire, o eleitorado responsável pela reeleição da líder do PT, as classes mais populares, vão sentir “a realidade econômica” em pouco tempo. “Este panorama atual, de economia fraca, vai se prolongar talvez por um ou dois semestres, resultando no aumento automático do desemprego”, prevê. “E sem crescimento econômico, o salário mínimo não vai aumentar. As classes média e baixa é que vão sofrer”, estima.

Segundo Monclaire, a estagnação da economia brasileira e a consequente pressão das camadas populares poderão até mesmo prejudicar o PT nas eleições municipais. Ele aposta que o partido irá perder a administração de muitas cidades.

Reconciliação do eleitorado

O cientista político acredita que o discurso da vitória da presidente já considerou a necessidade de reconciliação dos eleitores, que, influenciados por uma agressiva campanha, fragmentaram-se em dois campos. “Isso se viu ontem de uma maneira bem simbólica: Dilma trocou de roupa”, observa. Monclaire lembra que, durante toda a campanha, a líder do PT estava quase sempre vestida de vermelho, que é a cor de seu partido. Mas, ontem, se vestiu de branco. “É uma forma de mostrar sua vontade de reunir o país”, avalia.

Essa tarefa, de acordo com o especialista, será difícil de ser realizada, já que para reverter a polarização, serão necessários uma reforma política eficiente e o reforço da luta contra a corrupção – duas das principais promessas de campanha da petista. “O problema é que o principal envolvido no último escândalo de corrupção, o da Petrobras, é o PT. Será que Dilma vai agir contra seu próprio partido?”, questiona Monclaire.

Já sobre a reforma política, o cenário não é dos mais otimistas: a partir de janeiro, os petistas vão ter menos cadeiras na Câmara de Deputados em relação ao governo atual. “Para realizar uma reforma política, será preciso mudar a Constituição e contar com uma maioria na Câmara e no Senado. O problema é que essa maioria ainda se beneficia com a continuidade e não com mudanças”, sublinha.

Oposição

Monclaire não tem dúvidas que Dilma encontrará apoio para formar uma ampla coalizão no Congresso. Para isso, segundo o cientista político, é preciso que a presidente seja paciente. O perigo, diz, é que o PT esteja cada vez mais próximo do PMDB e, em busca de apoio, perca sua identidade como partido.

Em contrapartida, o especialista alerta que a oposição mais perigosa para o PT continuará sendo o PSDB, especialmente com o bom desempenho do partido nas eleições. “Aécio Neves será um candidato forte para as próximas presidenciais se não houver personalidades políticas de peso, como Marina Silva, que assombrem seu futuro”, conclui.

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