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Basil/Eleição

Marina Silva disparou com indecisos e descontentes, diz Le Monde

A candidata Marina Silva (PSB) nunca esteve em uma situação tão favorável e tão perto de conquistar o degrau mais alto do poder no Brasil, escreve o diário Le Monde em sua edição que circula nesta quinta-feira (11). Para o vespertino francês, a candidatura da ex-ministra do governo Lula ganha votos entre duas categorias de eleitores que só cresceram nos últimos anos no país: os indecisos e os descontentes. Mas as polêmicas que surgem durante a campanha do PSB mostram que o período até a votação pode se tornar uma “eternidade” para a candidata. 

A ascensão de Marina Silva na resenha de imprensa do jornal Le Monde.
A ascensão de Marina Silva na resenha de imprensa do jornal Le Monde. Lemonde.fr/ fotomontagem
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“E se for ela?”, questiona o jornal Le Monde no artigo de meia página para falar da “ascensão vertiginosa” da candidata do PSB nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial brasileira.

A 24 dias da votação, todas as pesquisas mostram que ela se mantém em pé de igualdade com Dilma Rousseff no primeiro turno, e ganha no segundo com cerca de 48% dos votos, sete pontos a mais que a presidente petista, “grande favorita até um mês atrás”, escreve o jornal. .

O vespertino francês escreve que muitos atribuem a subida nas pesquisas ao impacto emocional com a morte trágica do ex-candidato Eduardo Campos, e outros à proximidade da oposição ao governo com a mídia que publica as pesquisas dos institutos. “Pouco importa. A tendência é forte”, constata o jornal.

Le Monde lembra que poucos dias depois de confirmada sua candidatura à presidência pelo PSB, Marina Silva exerceu uma atração irresistível (subida de 10 pontos) no eleitorado indeciso e entre os que tinham optado pelo voto branco ou nulo.

Crescimento no maior colégio eleitoral do país e em redutos petistas

A ex-senadora do Acre ganha com folga em São Paulo (42% das intenções de voto), apertado no Rio de Janeiro, e chega à frente em muitas cidades com menos de 50 mil habitantes, tradicional reduto de votos petistas, observa o diário francês.

Para justificar o crescimento meteórico, o jornal informa que em fevereiro, uma sondagem revelou que mais da metade dos eleitores brasileiros não se identificava com nenhum dos partidos presentes no cenário político, pulverizado com mais de 30 legendas. “Algo inédito desde o fim da ditadura militar (1964-1985)”, escreveu Le Monde.

Um sociólogo ouvido pelo jornal, afirma que o candidato Aécio Neves (PSDB) e o ex-candidato Eduardo Campos “não conseguiram captar o sentimento de insatisfação que se cristaliza contra o sistema político brasileiro em sua totalidade”.

Segundo o jornal, Marina Silva não apenas saiu ilesa como se beneficiou das manifestações populares de junho de 2013. O jornalista e escritor Fernando Barros e Silva declarou ao jornal que “a renovação política e a rejeição à política se confundem na figura de Marina Silva”.

Mas a promessa de uma “nova política” pregada pela candidata será difícil de se concretizar devido a tantos obstáculos, diz o jornal. Le Monde reproduz a observação do jornalista Sergio Saraiva sobre o paradoxo que representa uma candidatura que se alimenta das esperanças de extremos opostos do espectro político brasileiro: por um lado, a extrema esquerda (em referência aos movimentos sociais) e, de outro, a direita (evangélica). Um desses lados ela deverá trair, afirma Saraiva.

Contradições

Le Monde também destaca a frase de João Paulo Capobianco, apresentado como braço direito de Marina Silva, para mostrar algumas contradições que cercam a candidatura. “Não somos a favor nem contra os transgênicos”, disse ele. "Tais declarações contrastam com as proferidas por Marina no passado por Marina e que condenavam as biotecnologias", escreve o diário.

O jornal também lembrou outros pontos que provocaram questionamentos sobre a verdadeira intenção da candidata, como o fato de seu programa de governo ter sido modificado três vezes, principalmente em relação ao casamento gay, e à falta de uma estratégia clara de alianças para governar.

Le Monde termina dizendo que colaboradores admitem que “ajustes” deverão ser feitos e que em política, 24 dias parecem uma eternidade. “Até para uma evangélica fervorosa”, conclui o jornal francês.
 

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