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Pegar ônibus e metrô em São Paulo é "inferno cotidiano", diz o Le Monde

Em mais uma reportagem dedicada às manifestações no Brasil, o jornal francês Le Monde relata em sua edição deste domingo o estado de saturação do sistema de transporte público na cidade de São Paulo, chamando até de apocalipse o inferno cotidiano que os paulistanos enfrentam para ir e voltar ao trabalho.

Protesto em São Paulo no dia 14 de junho.
Protesto em São Paulo no dia 14 de junho. REUTERS/Alex Almeida
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Para entender a onda de revolta que tomou conta das principais cidades brasileiras, basta passar um dia andando de metrô ou de ônibus em São Paulo, escreve o Le Monde. A cidade de 12 milhões de habitantes, que se estende por 2.000 quilômetros, tem apenas cinco linhas de metrô, que transportam 6 milhões de passageiros por dia. Ao todo, são 64 estações, explica o jornal, cinco vezes menos do que em Paris, só que para uma população seis vezes mais numerosa.

Tentar entrar ou sair de um vagão do metrô na hora do rush em São Paulo é uma experiência apocalíptica, afirma o Le Monde, compreendendo perfeitamente o grau de indignação dos brasileiros com seus governantes. O sistema de transporte na cidade é complementado por 16 mil ônibus, mas eles também circulam lotados. Um passageiro pode levar até 3 horas para ir ou voltar do trabalho na capital paulista, acrescenta o diário.

Os que podem evitar esse inferno cotidiano, prossegue o Monde, se dispõem a pagar uma fortuna em pedágios e estacionamentos, mas nem por isso circulam de maneira mais rápida. A frota de 6 milhões de veículos em São Paulo cria congestionamentos dantescos, segundo o jornal. Só os mais ricos são poupados desse tormento porque pegam helicópteros.

O Le Monde destaca que quatro novas linhas de metrô foram anunciadas na cidade, mas as obras estão atrasadas "há uma eternidade". E o grande problema, conforme nota o Le Monde, é que o nível de investimento público nos transportes é muito baixo. Os passageiros acabam assumindo 70% dos custos.

As graves falhas no sistema de transporte público foram, então, um estopim para a onda de protestos, conclui o Le Monde, sublinhando que São Paulo ainda é uma cidade bem-servida em comparação com o Rio de Janeiro, que só tem duas linhas de metrô. Diante desse quadro, os paulistanos receberam com ceticismo a promessa da presidente Dilma Rousseff de investir 18 bilhões de euros no setor nos próximos anos, relata o vespertino francês.

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