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Chile/ Violência sexual

Chile: denúncias de violências sexuais contra manifestantes se multiplicam

No Chile, após três semanas de crise e manifestações para denunciar as desigualdades sociais e econômicas que deixaram 20 mortos e centenas de feridos, multiplicam-se agora denúncias de violências sexuais. Em entrevista exclusiva à RFI, a advogada chilena Bárbara Sepúlveda dá detalhes. 

Manifestação em Santiago, capital do Chile, em 25de outubro de 2019.
Manifestação em Santiago, capital do Chile, em 25de outubro de 2019. REUTERS/Ivan Alvarado
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Mais e mais vozes estão surgindo para denunciar as violações dos direitos humanos que se multiplicaram, especialmente durante o período de Estado de emergência. Uma missão da ONU está no local

A advogada Bárbara Sepúlveda, diretora da Abofem, uma associação de advogados de mulheres, está registrando cada vez mais queixas de mulheres vítimas de violência sexual.

"Obrigadas a se despirem"

"A violência sexual e política que testemunhamos refere-se principalmente a forçá-las a tirarem a roupa, apesar de padrões internacionais ou protocolos nacionais proibirem. As mulheres não podem ser despidas em uma delegacia de polícia ou num quartel”, denuncia a advogada. 

“Também recebemos denúncias de estupro, agressão sexual, abuso sexual e ameaças de estupro. Essas mulheres, quando forçadas a se despir, são obrigadas a se agacharem, a fazerem flexão repetidamente, por um longo tempo. Existem até casos de mulheres que menstruam e são apalpadas; tocam nos seios, no corpo e até nos órgãos genitais, o que é um crime de agressão sexual.” 

“Com as lésbicas, há uma violência específica: eles as forçam a dormirem com homens, por exemplo. Como se sabe, nas celas, mulheres e homens devem ser separados. Mas elas estão sendo colocadas nas celas dos homens. No momento, temos cinco casos de ataques homofóbicos que vamos levar ao Tribunal com todas as outras queixas", finaliza a diretora da Abofem. 

“Nada a esconder”

O governo chileno "não tem nada a esconder" sobre as ações das forças de segurança e investigará qualquer excesso cometido pelas tropas, em meio à ampla crise social que abala o país, disse o presidente Sebastián Piñera nesta quarta-feira (6), um dia após ter garantido, em entrevista à BBC, que não renunciaria.

Os protestos, que começaram em 18 de outubro em resposta ao aumento da tarifa do trem que leva à da capital, causaram 20 mortes, em cinco das quais a intervenção de agentes do Estado é investigada. Além disso, o Instituto Nacional de Direitos Humanos entrou com 181 ações legais por homicídio, tortura e violência sexual supostamente cometidas por tropas.

"Estabelecemos total transparência nos números, porque não temos nada a esconder", disse Piñera em um ato na casa presidencial, quando questionado sobre a chuva de denúncias de violações de direitos humanos pela polícia.

“Com a mesma contundência que os manifestantes que causaram distúrbios violentos, saquearam e danificaram mais de 70 estações de metrô no meio dos protestos, qualquer excesso cometido pelas forças de ordem será sancionado", disse o presidente chileno.

Piñera reiterou seu total apoio aos Carabineros (Polícia) e às Forças Armadas, que durante os primeiros nove dias do conflito patrulharam as ruas, protegidas por um Estado de emergência decretado pelo presidente de direita.
 

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