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Polícia argentina encontra coquetéis molotov em local de protesto contra o G20

A polícia argentina encontrou oito bombas de coquetel molotov num carro abandonado próximo a um quarteirão de Buenos Aires, onde acontece a principal marcha contra o G20 nesta sexta-feira (30). As manifestações que entram em confronto com as forças de segurança podem pôr o esquema de segurança da cúpula internacional à prova.

Policiais em frente ao hotel onde o presidente da China, Xi Jinping, fica na Cúpula dos Líderes do G20 em Buenos Aires, Argentina, 29 de novembro de 2018.
Policiais em frente ao hotel onde o presidente da China, Xi Jinping, fica na Cúpula dos Líderes do G20 em Buenos Aires, Argentina, 29 de novembro de 2018. REUTERS/Marcos Brindicci
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

"Haverá muita mobilização social da parte de vários grupos independentes. Certamente, algum grupo vai provocar distúrbios", disse à RFI o líder da Confederação de Trabalhadores da Economia Popular (CTEP), Juan Grabois, que negou qualquer ligação com atos de violência.

"Temos uma filosofia de que o protesto social deve ser pacífico e maciço. Uma resistência não-violenta. Isso tem mais eficácia do que bombas molotov e pedras que nem sequer arranham o poder. Não é uma questão de ética, mas de tática", defendeu-se.

Cerca de vinte organizações sociais, sindicatos e partidos de esquerda preparam uma grande marcha nesta sexta-feira em repúdio ao G20 e contra a presença do Fundo Monetário Internacional na Argentina. Algumas faixas do protesto exibem as palavras de ordem: "Fora Trump, Fora Bolsonaro".

Em paralelo à grande marcha, com começo de concentração previsto para as 15h de Buenos Aires (16h em Brasília), diversas manifestações políticas e sociais devem se reunir na praça do Congresso, onde acontece a chamada "Cúpula dos Povos", um espaço alternativo sob o lema "Não ao G20. Fora FMI" que convoca ativistas argentinos e estrangeiros. As rodovias que dão acesso a Buenos Aires sofrem bloqueios de manifestantes.

"Essa gente que está aqui como representantes do poder político mundial recebe, por parte dos povos, uma mistura de indiferença e desprezo. A crise da democracia relaciona-se com governos que não têm poder sobre os interesses reais das pessoas", afirma Juan Grabois, ressaltando que, no caso argentino, "quem governa o país não é o presidente Mauricio Macri, mas a política económica do FMI".

Delegações internacionais trouxeram as próprias proteções

O ministério da Segurança estabeleceu os parâmetros para as marchas: nenhum membro dos protestos poderá estar encapuzado nem carregar objetos que podem ser usados como armas, como pedaços de madeira ou pedras. O alerta é para que as próprias organizações identifiquem e isolem os grupos anarquistas que costumam infiltrar-se nas marchas e entrar em confronto direto com a Polícia.

"Não podemos dar garantias sobre todos os manifestantes, mas queremos que o Estado não reprima o direito à manifestação", disse à RFI o líder do Serviço de Paz e Justiça e Prêmio Nobel da Paz (1981), Adolfo Pérez Esquivel.

Desta vez, os anarquistas parecem cercados. O dispositivo de segurança da Cúpula de Líderes do G20 envolve 22.000 agentes da Polícia, além de 3.000 militares para prevenir protestos violentos ou atentados terroristas.

Em paralelo ao esquema argentino, cada delegação estrangeira tem a sua própria proteção. Em total, cerca de 3.500 guarda-costas. O norte-americano Donald Trump, o russo Vladimir Putin, o chinês Xi Jinping, o príncipe saudita Mohamed Bin Salman e o turco Tayyip Erdogan são os que trouxeram segurança. Os Estados Unidos, por exemplo, vieram com cerca de mil agentes, caças aéreos e até um porta-aviões. A base de operações está em frente ao Uruguai, de onde eles podem voar a Buenos Aires em poucos minutos.

A China doou 18,3 milhões de dólares em equipamentos militares de caminhões e carros blindados e motos a dispositivos antiexplosivos. "É uma desnecessária exibição de força. Querem nos mostrar que trouxeram armamento contra os tumultos. Fizeram trabalhos de inteligência sobre a nossa organização e, particularmente, sobre mim", criticou Juan Grabois.

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