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Peru/massacre

Peru: descoberto maior sítio arqueológico do mundo de massacre infantil

No norte do Peru, perto da cidade de Trujillo e dos vestígios arqueológicos de Chan Chan, a maior cidade do mundo antigo em terra batida, o pequeno porto de Huanchaco era até então conhecido apenas por suas balsas de junco utilizadas por pescadores locais.

Escavações no pequeno porto de Huanchaco, na costa do Pacífico em março de 2018.
Escavações no pequeno porto de Huanchaco, na costa do Pacífico em março de 2018. CELSO ROLDAN / AFP
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Do correspondente da RFI na região Eric Samson

Depois das escavações arqueológicas feitas entre 2011 e 2016, cujos resultados foram divulgados na semana passada pela National Geographic, o porto de Huanchaco também vai ser conhecido como o maior sítio arqueológico do mundo de sacrifícios de crianças.

É em um bairro humilde de pescadores, sobre uma duna diante do oceano, que os arqueólogos descobriram os cadáveres de 140 crianças com idades de 5 a 14 anos, além dos restos de 200 filhotes de lhamas. As crianças foram enterradas com a cabeça virada para o mar e os animais, em direção da cordilheira dos Andes. Os testes de carbono 14 confirmaram que o sacrifício em massa aconteceu entre os anos 1400 e 1450, perto de Chan Chan, capital do império Chimu.

A cultura Chimu ocupava uma delgada faixa litorânea, que hoje é o sul do Equador e norte do Peru. A capital era Chan Chan, construída em adobe (tijolo feito de barro e palha), perto da atual Trujillo. Existem muitos testemunhos dessa cultura, como cerâmica, tecidos, metais trabalhados e roupas de rituais. O povo Chimu, adorador da lua, foi vencido pelo império inca, adeptos do sol, na metade do século 15.

Coração arrancado?

Todos os jovens sacrificados tinham a mesma ferida no esterno. Os rostos das crianças foram cobertos de uma substância avermelhada, uma mistura de enxofre e mercúrio. A caixa torácica foi rompida e aberta, provavelmente para extração do coração. Segundo o arqueólogo Gabriel Prieto, da Universidade Nacional de Trujillo, o sacrifício poderia ter sido destinado a acalmar uma divindade marítima em um episódio do fenômeno El Niño, que provoca chuvas e enxurradas catastróficas de lama, como a ocorrida em 2017, no Peru.

Outros locais de sacrifício de crianças foram estudados no México e nas partes altas das geleiras andinas, mas nunca se descobriu algo de tamanha amplitude.   

 

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