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Falta de diplomacia de Trump na tribuna da ONU surpreende imprensa francesa

A ameaça de Donald Trump contra a Coreia do Norte, em seu primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU, é destaque nas primeiras páginas dos jornais franceses desta quarta-feira (20). Os diários ressaltam que o presidente americano advertiu que irá destruir completamente a Coreia do Norte se o regime de Kim Jong-un continuar suas provocações. Retórica “isolacionista”, de “guerra“ ou “louca” são alguns dos adjetivos usados pela imprensa francesa para analisar a fala de Trump.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na tribuna da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta terça-feira (19).
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na tribuna da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta terça-feira (19). Reuters
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Na tribuna da ONU em Nova York na terça-feira (19), o presidente dos Estados Unidos não hesitou em chamar novamente o líder norte-coreano de “homem-foguete", indica Les Echos. O jornal econômico escreve que Trump retomou sua retórica isolacionista, garantindo que privilegia antes de mais nada os interesses americanos e prometeu ter mão de ferro em relação aos regimes totalitários. Além da Coreia do Norte, o ele também cita o Irã, Cuba e Venezuela.

Para Le Figaro, Trump adotou uma retórica de guerra, em um discurso contraditório. Ele começou sua fala exaltando as virtudes da soberania (palavra que pronunciou 21 vezes), da independência sagrada dos países e do não intervencionismo. Mas a sequência do discurso foi uma advertência direta aos regimes que ele considera antagonistas dos Estados Unidos. Há muito tempo não se ouvia uma fala tão pouco diplomática na tribuna da ONU, diz o jornal conservador. No discurso, o terrorismo radical islâmico foi citado apenas en passant, critica Le Figaro.

A volta do “eixo do mal”

Segundo Libération, Trump promete o apocalipse. Ele retomou o conceito de “Estados-bandido” do famoso “eixo do mal” utilizado pelo presidente George W. Bush na época da guerra contra o terror, em 2002.

Um ex-conselheiro diplomático francês, Jean-Marc de La Sablière, entrevistado pelo jornal progressista, está preocupado. Ele diz que o discurso é destinado em segundo plano aos chineses, para que haja mais sanções contra Pyongyang e para que elas sejam aplicadas. Mas ouvir essas palavras e ameaças violentas da boca de um presidente dos EUA na tribuna da ONU é inquietante, afirma o especialista.

O povo americano, talvez mais sábio do que a gente pensa, pode se arrepender rapidamente de ter eleito um louco, ou um semi-louco, à Casa Branca depois desta performance na ONU, escreve Libération em seu editorial.

“Macron, o anti-Trump”

Aujourd'hui en France concorda e também chama de louca a ameaça do presidente americano. Como os outros jornais, o diário contrapõe a fala de Trump à fala do presidente francês Emmanuel Macron na Assembleia Geral da ONU. “Macron, o anti-Trump!” Aujourd'hui en France informa que o presidente francês, que falou depois do americano, adaptou seu discurso até o último minuto para responder ao tom ofensivo do colega. Macron, que também discursou pela primeira vez na Assambleia geral da ONU, falou em nome dos que não têm voz, citando crianças vítimas de crises internacionais, e foi várias vezes aplaudido.

Ele aconselhou o diálogo com a Coreia do Norte e o respeito do acordo nuclear com o Irã, entre outras coisas. Seu objetivo principal era propor uma alternativa ao mundo descrito mais cedo por Trump, e, por isso, defendeu o multilateralismo, a doutrina que prega que os Estados devem resolver juntos seus problemas, ensina Aujourd'hui en France.

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