Governo da Colômbia e guerrilha ELN anunciam cessar-fogo bilateral
O governo da Colômbia e o Exército de Libertação Nacional (ELN), a última guerrilha ativa do país, acertaram nesta segunda-feira (4) um cessar-fogo bilateral. O acordo, que deve entrar em vigor a partir de 1° de outubro, é anunciado às vésperas da visita do papa Francisco ao país.
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O cessar-fogo foi acertado durante o terceiro ciclo de negociações de paz que o governo do presidente Juan Manuel Santos e o Exército de Libertação Nacional (ELN) mantêm no Equador desde fevereiro.
A trégua temporária entre o governo da Colômbia e o ELN obriga os rebeldes a interromper aos sequestros, informou o presidente Santos durante um discurso na televisão. Segundo o chefe de Estado, o acordo terá uma vigência de 102 dias, “e será renovado à medida que se cumpra e se avance nas negociações sobre os demais pontos".
A guerrilha também se exprimiu pelas redes sociais: "Sim, podemos! Agradecemos a todas e todos que apoiaram decididamente os esforços para alcançar este #CessarFogoBilateral", indicou a delegação negociadora do ELN no Twitter.
Os rebeldes confirmaram que o cessar-fogo está ligado à passagem do pontífice pelo país. "Dissemos que a visita do papa Francisco deveria ser uma motivação extra para acelerar a busca de acordos, que têm como principais destinatários as comunidades que padecem das consequências lamentáveis do conflito", assinalou o ELN. O chefe da igreja católica já havia apoiado o acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Ao contrário das Farc, ELN têm influência religiosa
Enquanto as Farc – já desarmadas e convertidas em um partido político – foram uma organização muito vertical, o ELN tem uma estrutura mais horizontal, com voz própria em cada frente. Presente em uma dúzia de departamentos do país, o grupo teve menor capacidade de fogo que as Farc em todo o território, mas sua base social, composta por milicianos, é mais ampla, segundo especialistas.
Como as Farc, o ELN foi financiado pelo narcotráfico, pela mineração ilegal, a extorsão e os sequestros. Mas ao contrário das Forças Revolucionárias, é marcado por uma influência religiosa que começou um ano após sua fundação, em 1964. Na época, o grupo recém-criado por sindicalistas e estudantes, muitos deles simpatizantes de Che Chevara, uniu-se ao padre colombiano Camilo Torres (1929-1966), seguido por três sacerdotes espanhóis, entre eles Manuel Pérez (1943-1998), que chegou a comandar a guerrilha. Estes religiosos eram expoentes da Teologia da Libertação, corrente da Igreja católica latino-americana que reivindica a luta em favor dos mais pobres.
(Com informações da AFP)
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