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Crise política

Oposição completa 90 dias de protestos na Venezuela sem avanços

A Venezuela completa nesta quinta-feira (29) 90 dias ininterruptos de protestos contra o governo do presidente Nicolás Maduro. Para celebrar a data, a coligação opositora Mesa da Unidade Democrática convocou manifestações ante o Conselho Nacional Eleitoral.

Oposição venezuelana completa 90 dias de manifestações contra o governo Maduro.
Oposição venezuelana completa 90 dias de manifestações contra o governo Maduro. REUTERS/Christian Veron
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Elianah Jorge, correspondente em Caracas

Os opositores rejeitam a realização de uma eleição para uma Assembleia Nacional Constituinte, por isso decidiram ir até a sede do poder eleitoral em todas as cidades do país.

Até o momento, pelo menos 80 pessoas morreram durante os protestos, a grande maioria jovens, e por armas de fogo. As manifestações começaram após o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) ter anulado os poderes da Assembleia Nacional, no final de março. A tensão aumentou quando o presidente Nicolás Maduro decidiu convocar uma Assembleia Nacional Constituinte para substituir a atual Constituição, estabelecida pelo ex-presidente Hugo Chávez e em vigor desde 1999.

No dia 30 de julho, os venezuelanos vão às urnas eleger os 545 constituintes que irão redigir a nova Carta Magna. A oposição afirma que o novo texto vai beneficiar apenas o governo e restringir a democracia no país. Apesar das ameaças da oposição, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, afirmou que o poder eleitoral garantirá a realização das eleições.

Chavista de longa data, a procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, vem enfrentando o governo Maduro ao se declarar abertamente contra a nova Constituinte. Para ela, a Constituição de 1999 é "perfeita". Na próxima semana, Ortega deverá depor no TSJ após um deputado aliado de Maduro denunciar que ela não estaria exercendo suas funções. Ela está proibida de sair do país e seus bens e contas bancárias foram bloqueados.

Ortega disse na quarta-feira que o governo Maduro impôs um "terrorismo de Estado" por meio do TSJ e dos militares. "Aqui parece que todo o país é terrorista [...]. E eu acredito que temos um terrorismo de Estado, onde se perdeu o direito de se manifestar, onde as manifestações são reprimidas cruelmente, onde julgam civis na Justiça militar", afirmou a procuradora.

Helicóptero roubado

As forças de segurança afirmam ter encontrado ontem, após 24 de buscas, o helicóptero supostamente roubado por um policial e ator, identificado pelas autoridades como Óscar Pérez, utilizado em um ataque ao TSJ na terça-feira. A aeronave estava em uma região montanhosa no estado de Vargas, a cerca de 50 quilômetros de Caracas.

Maduro afirma que Pérez cometeu "um ato terrorista" ao efetuar disparos e lançar granadas contra as sedes do TSJ e do Ministério de Interior, em Caracas. Mas a história é considerada estranha por opositores e analistas no atual contexto de crise política no país. O helicóptero da Polícia Forense CICPC foi encontrado no povoado de Osma, próximo da capital, informou o vice-presidente, Tareck El Aissami.

O governo venezuelano solicitou ajuda da Interpol para capturar Óscar Pérez. O governo também disponibilizou uma linha telefônica para receber denúncias sobre o paradeiro do suposto fugitivo.

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