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Brasil-América Latina

Crise no Brasil não afasta imigrantes venezuelanos: “Ter comida vale sacrifício”

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O Aeroporto Internacional de Maiquetía, o principal da Venezuela, é a porta de saída de venezuelanos que decidiram deixar o país natal, há anos imerso em uma profunda crise. Um dos destinos preferidos é o Brasil, sobretudo Roraima devido à proximidade da fronteira, mas outras regiões do país também atraem.

Laura Bego e a família escolheram Porto Alegre para reconstruir a vida.
Laura Bego e a família escolheram Porto Alegre para reconstruir a vida. Arquivo pessoal
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Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil em Caracas,

Empresário do ramo de segurança em Coro, no noroeste da Venezuela, Geraldo Hernández deixou tudo para trás por já não suportar viver no país natal. O fato de ser filho de uma carioca o ajudou na escolha do próximo destino da família: o Rio de Janeiro. “A situação era insustentável. Já não conseguia manter a minha família. Eu pesava 106 quilos. Cheguei no Brasil pensando 76, realmente eu não tinha possibilidades de me sustentar”, contou.

Nos primeiros dias a ajuda da família brasileira foi fundamental. Agora, ele trabalha como vendedor em uma empresa e reconhece que a situação no Brasil não é das mais fáceis. “O Brasil está passando por sérios problemas econômicos, políticos, graves também de certo modo. Nesse curto período tem sido difícil acertar as contas no fim do mês por causa da crise, mas ainda acho que o Brasil tem capacidade e estrutura para sair dessa situação”, avalia.

Geraldo Hernández chegou no Brasil pesando 30 quilos a menos.
Geraldo Hernández chegou no Brasil pesando 30 quilos a menos. Arquivo Pessoal

Nascimento de filho definiu mudança

Desde 2011 Laura Bego e o marido, o brasileiro Lucas Gomes, avaliavam mudar de país. Mas foi em 2014, quando o filho do casal já havia nascido, que a decisão foi tomada. A dificuldade de conseguir produtos para o bebê, entre eles fraldas, foi um dos motivos da mudança para Porto Alegre. Laura reconhece que não foi fácil, mas a troca tem sido positiva: “ Estamos batalhando para ter o que a gente não tem na Venezuela. Dar qualidade de vida pro nosso filho. Nós conseguimos abrir uma empresa própria. Só o fato de poder ir pro supermercado e ter comida, poder sair ainda à rua, ter essa qualidade de vida vale a pena qualquer sacrifício”.

Para Laura, Porto Alegre transmitia a segurança que ela não encontrava mais em Caracas, apesar de que isso vem mudando. “Eu acho que a insegurança tem a ver com a situação política e econômica do país. É uma consequência de toda a situação que o Brasil está vivendo agora”, afirma.

Sem comparação com qualquer outro país

A administradora de empresas Johanna Delmoral mora há oito meses em Joinville, no interior de Santa Catarina, e saiu do país natal também por não ver mais perspectivas. "Eu acho que, por enquanto, nenhum país tem comparação. Agora na Venezuela não tem ponto positivo que eu possa falar".

Álvaro Olivares foi para o Rio de Janeiro estudar. O êxodo que muitos conterrâneos estão empreendendo agora, ele fez há sete anos escapando da crise na Venezuela e em busca de novas oportunidades. Ele tem uma loja de roupas, mas reconhece que o Brasil vive uma fase delicada: “Eu quero crescer, abrir mais outras franquias, mas a economia não está ajudando muito. Mas, mesmo assim, aqui está bem melhor que na Venezuela”, garante.

Álvaro Olivares quer ampliar seu negócio mas a economia brasileira não está ajudando.
Álvaro Olivares quer ampliar seu negócio mas a economia brasileira não está ajudando. Arquivo Pessoal

 

 

 

 

 

 

 

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