ONG internacional destaca drama de venezuelanos em Roraima
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Um relatório da organização americana Human Rights Watch (HRW) aponta que nos últimos anos mais de 12 mil venezuelanos chegaram no Brasil. Eles escapam da escassez de alimento e de remédios, da alta criminalidade, inflação e da instabilidade política na Venezuela. O estado brasileiro de Roraima, por estar na fronteira com o país socialista, é um dos principais destinos.
Por Elianah Jorge, correspondente da RFI em Caracas
Para comentar o relatório “Venezuela: Crise Humanitária Alastra-se para o Brasil”, publicado pela ONG de Direitos Humanos, em 18 de abril, a reportagem da RFI entrevistou Telma Lage, advogada e coordenadora do Centro de Migrações e Direitos Humanos (CMDH), localizado em Boa Vista. Segundo ela, “o relatório vem ratificar aquilo que denunciamos através da nossa integração com os venezuelanos”.
Nesta semana, o Senado brasileiro aprovou a nova Lei de Migração, que seguirá para sanção do presidente Michel Temer. O texto regula a estadia de estrangeiros em território brasileiro e garante ao imigrante a igualdade com os nacionais.
Para a advogada a nova lei é um avanço: “A nova legislação traz ganhos importantes, principalmente para a regularização das pessoas que chegam no país”.
Pedido de asilo aumentou muito
Segundo o governo brasileiro, o número de venezuelanos que pedem asilo aumentou radicalmente, passando de 54 casos, em 2013, para 2.595 nos primeiros onze meses de 2016.
Alguns setores públicos buscam acelerar o atendimento aos estrangeiros. Mas ainda é grande a quantidade de pessoas que ainda tentam regularizar a situação. “Aqui em Boa Vista chegam muitos venezuelanos. O fluxo continua, não teve redução. Agora está tendo um mutirão na Polícia Federal para tentar regularizar os pedidos de quem quer pedir refúgio e temos na fila três mil pessoas”, conta Telma.
Até o final do ano passado o Ministério Público só havia resolvido 89 dos 4.670 casos de pedidos de asilo solicitados por venezuelanos em 2012. Só 34 desses casos conseguiram o benefício.
Refugiados em situação precária
Muitos venezuelanos em Roraima vivem em situação precária, inclusive dormindo nas ruas. Outros, são vítimas de exploração, uma situação que preocupa a coordenadora do CMDH.
“Um grande problema que identifico aqui é a questão do mercado de trabalho que já está saturado. Roraima não tem muitas frentes de trabalho e com esse excedente de mão de obra acaba havendo exploração. Por exemplo, um venezuelano descarrega um caminhão por dez reais, é muito pouco. O valor pago a um brasileiro era de 50, 60 reais”, relata a advogada.
Sem perspectivas para o fim da crise no país comandado por Nicolás Maduro a perspectiva é que o fluxo migratório de venezuelanos para o Brasil continue em alta.
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