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Linha Direta

Hillary pode desviar fundos da sua campanha para candidatos democratas ao Congresso

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A menos de duas semanas para as eleições americanas, os democratas estão enfrentando o melhor dos dilemas: tirar ou não dinheiro da campanha de Hillary Clinton e direcionar os fundos para os candidatos do partido ao Congresso para tentar retomar o controle do Senado e da Casa dos Representantes.

Hillary Clinton, candidata democrata à Casa Branca
Hillary Clinton, candidata democrata à Casa Branca REUTERS/Lucy Nicholson
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

Hillary abriu 6 pontos de vantagem nas pesquisas nacionais. Nos chamados swing states, os estados que de fato vão definir quem irá para a Casa Branca em janeiro, o republicano Donald Trump só está à frente em Iowa.

Há um empate técnico em Ohio e Hillary lidera com folga no Colorado, Virgínia, New Hampshire, Pensilvânia e Wisconsin. Com margem menor, ela também está à frente na Flórida, Carolina do Norte, Nevada e até no Arizona.

Em eleição, qualquer movimento brusco é arriscado, mas só a discussão em torno do tema já revela o quão confiante os democratas estão em uma vitória de Hillary Clinton no próximo dia 8.

As pesquisas hoje dão uma probabilidade de 84% de vitória de Hillary e 16% de Trump. Está muito, muito difícil para o empresário nova-yorkino e a onda anti-Trump parece sim estar atingindo o voto para as cadeiras do Capitólio, cujas duas câmaras, a alta e a baixa, são hoje controladas pela direita.

E se os democratas conseguirem tomar dos republicanos o controle do Senado, uma possibilidade real, e da Câmara dos Representantes, uma tarefa bem mais difícil, um eventual governo Hillary começaria com muito mais força.

Onda democrata

A possibilidade de a onda democrata acontecer no dia 8 é mais real a cada dia. Hoje a campanha de Hillary diz ter US$ 150 milhões em caixa que parte do partido quer ver direcionada para as campanhas legislativas, especialmente voltadas para convencer os eleitores a irem às urnas.

Hillary está se beneficiando de uma quantidade significativa de republicanos que não pretendem sair de casa no dia 8, já que não confiam em Trump. O que deputados e senadores democratas querem é evitar que democratas e moderados sigam o exemplo republicano por conta do clima de já ganhou.

Várias disputas no Senado e na Câmara estão apertadas e uma injeção de dinheiro pode ser o fator crucial nestes últimos dias de campanha.

Grande vantagem

O Congresso sob o controle dos democratas é uma grande vantagem para Hillary. Basta pensar nos dois primeiros anos do governo Obama, os únicos em que ele contou com maioria nas duas casas.

Foram os anos em que ele aprovou todas as iniciativas políticas que marcaram seu governo, a mais importante delas a reforma do sistema de saúde. Sem maioria no Senado, é impossível para Hillary garantir, por exemplo, a aprovação de juízes por ela indicados para a Suprema Corte.

E uma Câmara dos Representantes republicana significará, sem sombra de dúvidas, uma enxurrada de CPIs contra a ex-primeira-dama.

Perda de três cadeiras

Os democratas precisam conquistar seis cadeiras, no caso de uma vitória de Hillary, já que o vice-presidente eleito é, automaticamente, o presidente do Senado, para assumir o controle da câmara alta do Capitólio. Hoje, dá-se como certa a perda de três cadeiras dos republicanos, Indiana, Wisconsin e Illinois.

Estão acirradíssimas as disputas em New Hampshire, Carolina do Norte, Flórida e Montana, todas com incumbentes republicanos em risco de perderem as cadeiras na onda democrata.

Por outro lado, a batalha em Nevada, cuja cadeira é hoje do líder do partido democrata no Senado, que não concorre à reeleição, também está indefinida.

Em um país praticamente dividido ao meio, estas disputas dão, em media, uma vantagem de 1% dos votos para o candidato mais bem posicionado.

Batalha mais complicada

Na Casa dos Representantes, a batalha é mais complicada porque os democratas precisam tirar 30 cadeiras dos republicanos em todo o país para voltar a assumir o controle da câmara baixa do Capitólio.

As pesquisas mostram que, hoje, justamente 30 cadeiras republicanas estão em risco, mas o mesmo acontece com 7 democratas. De qualquer modo, este é um cenário de pesadelo para os republicanos que jamais imaginaram que correriam um risco de perder a maioria na Casa dos Representantes.

A estratégia do partido tem sido a mesma: se distanciar o máximo possível de Trump e tratar de temas locais nas disputas, evitando ao máximo nacionalizar os pleitos.

Os democratas, ao contrario, estão levando seus principais lideres, entre eles o presidente Barack Obama, a primeira-dama Michelle Obama, o vice-presidente Joe Biden e os senadores Bernie Sanders e Elizabeth Warren, além da própria Hillary, é claro, para fazer campanhas pelos candidatos regionais.

Tudo indica que a ex-secretária de Estado irá mesmo autorizar a injeção extra de dinheiro aos democratas nas disputas locais, sangrando sua própria campanha, para esta jogada audaciosa em busca do controle do Congresso.
 

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