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Brasil-América Latina

Argentina quer estratégia comercial comum com o Brasil para negociar com a China

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A proposta foi confirmada à RFI Brasil pelo novo embaixador argentino na China, Diego Guelar, e já foi apresentada ao presidente Mauricio Macri, à chanceler Susana Malcorra e discutida com o governo brasileiro. No cenário internacional, uma estratégia comum de Argentina e Brasil daria maior poder de fogo nas negociações comerciais e ajudaria a ampliar a base de exportações dos dois países. Internamente, fortaleceria a integração comercial, através de cadeias de valor.

O presidente argentino, Mauricio Macri, durante a cúpula do Mercosul em 21 de dezembro de 2015.
O presidente argentino, Mauricio Macri, durante a cúpula do Mercosul em 21 de dezembro de 2015. Reuters.
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A China é o maior mercado para as exportações brasileiras e o segundo maior para as argentinas. Brasil e Argentina estão entre os maiores exportadores de soja do mundo, mas na hora de encararem as vendas para o seu maior comprador de matérias-primas, a China, fazem de forma dispersa.

É justamente isso o que a Argentina quer mudar, unindo esforços com o Brasil para uma estratégia comum diante da China. A proposta é do futuro embaixador argentino na China, Diego Guelar. Em entrevista com a RFI Brasil em Buenos Aires, Guelar explicou o por que dessa estratégia comum.

"Porque temos a expressão de identidade comum e de integração. Temos uma agenda comum: soja, ferro, investimentos em serviços públicos. Temos a mesma agenda. Se você olhar a agenda bilateral do Brasil e da Argentina e a agenda Brasil-China é a mesma agenda. Por que não vamos negociar juntos?", questiona-se Guelar, que acompanha o presidente Mauricio Macri desde 2005 como secretário de Relações Internacionais do PRO, o partido fundado e liderado por Macri.

Antes disso, Guelar foi embaixador nos Estados Unidos duas vezes (1997-99 e 2002-05), na União Europeia (1989-95) e até mesmo no Brasil (1995-97), onde aprendeu português.

Agenda de exportações compatível com negociação conjunta

Guelar, autor do livro "El desembarco chino en América del Sur", explica que ao encararem juntos o mercado chinês, Brasil e Argentina ganham em poder de fogo para melhores negociações comerciais, diversificando a pauta de exportações.

"Nós temos que fazer o esforço conjunto de exportar produtos com valor agregado e não somente matérias-primas. Temos os mesmos problemas, os mesmos desequilíbrios entre Brasil e China e Argentina e China, e temos os mesmos desafios".

O diplomata acredita que somando as forças da agro-indústria de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, o bloco regional se torna uma potência. "Mas funcionamos como potência?", questiona. "Não, não funcionamos. Podemos fazê-lo, mas temos de ter vontade política de fazê-lo", enfatiza.

Diplomata questiona falta de vontade política

Sobre a vontade política, Guelar conta que a proposta já foi levada ao máximo nível tanto do governo argentino como do brasileiro e que todos estão de acordo com a estratégia. "Falei com a ministra (das Relações Exteriores, Susana Malcorra), falei com o presidente (Mauricio Macri), falei em Brasília sobre esses temas. Eu penso que todo mundo está de acordo. Eu penso que o discurso político do Brasil é muito claro a favor da integração, mas temos que fazer a integração. Sempre é um problema sul-americano e latino a diferença entre os discursos e a realidade", pondera.

Desde que assumiu há três semanas, o presidente Mauricio Macri tem insistido na necessidade de uma integração do Mercosul com os países da chamada Aliança do Pacífico (Chile, Peru, Colômbia, Costa Rica e México). Essa integração daria ao Brasil e à Argentina melhor saída ao Oceano Pacífico para facilitar o acesso ao mercado asiático.

"Temos que começar a negociação com a União Europeia já agora no começo de 2016 e temos que desdobrar essa mesma estratégia que estamos começando a fazer com a União Europeia, com a Aliança do Pacífico, com os Estados Unidos e com a China", aponta Guelar.

 
 

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