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Linha Direta

Argentina e Venezuela trocam acusações em cúpula do Mercosul

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Líderes do Mercosul se reuniram nesta segunda-feira (21) na capital paraguaia, Assunção, pela primeira vez desde as eleições do início do mês, que redesenharam o cenário político na Argentina e na Venezuela. Com Cristina Kirchner na Casa Rosada, os dois países eram aliados incondicionais. Mas, desde que chegou ao poder, há 12 dias, o liberal Mauricio Macri endureceu o tom contra o governo Nicolás Maduro. Na cúpula do Mercosul, Caracas e Buenos Aires trocaram farpas.

O presidente argentino Mauricio Macri durante a cúpula do Mercosul, em 21 de dezembro no Paraguai.
O presidente argentino Mauricio Macri durante a cúpula do Mercosul, em 21 de dezembro no Paraguai. Reuters.
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Colaboração de Marcio Resende, correspondente da RFI Brasil em Buenos Aires

Os dois ex-aliados hoje protagonizam um choque entre diferentes modelos de sociedade e economia. Herdeiro de Hugo Chávez, Nicolás Maduro vê a revolução bolivariana cada vez mais encurralada pelo crescimento da oposição, por uma inflação galopante, o boicote do empresariado oposicionista e, sobretudo, pelo simples fato de que falta ao atual presidente o carisma e a habilidade política de seu antecessor.

Some-se a tudo isso o fato de que Maduro acaba de sofrer sua maior derrota desde a chegada do chavismo ao poder: nas eleições de 6 de dezembro, ele perdeu a maioria parlamentar para uma oposição abertamente empenhada em encurtar seu mandato. No topo da pauta para a legislatura de 2016 estarão assuntos incômodos para o presidente venezuelano, como a libertação dos opositores presos no país e a abertura econômica.

Cenário completamente antagônico vive o novo líder argentino, o liberal Maurício Macri que, de azarão à corrida presidencial, terminou eleito no segundo turno contra o candidato de Cristina Kirchner, Daniel Scioli. Há apenas 12 dias no poder, ele usou o impulso inicial das urnas para atacar alguns dos carros-chefe do kirchnerismo, como o controle monetário e a lei de meios, que regula a imprensa privada. A Venezeula, principal contraponto ideológico ao liberalismo de Macri, também não fugiu à mira do novo presidente, que chegou a defender sua expulsão do Mercosul.

Enfraquecido, Maduro manda chanceler em seu lugar

Ele recuou dessa ideia, mas isso não aliviou a pressão sobre o líder venezuelano. Como conta o correspondente da RFI Brasil em Buenos Aires, Marcio Resende, "sabendo da pressão que lhe esperava, não só da Argentina como também do Paraguai, (Maduro) avisou na última hora que não viajaria à reunião e mandou a sua ministra das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez". Como era de se esperar, os dois entraram em rota de colisão.

Resende relata que "o presidente argentino, Mauricio Macri, pediu, com todas as letras, pela pronta libertação dos presos políticos na Venezuela e concluiu que na Venezuela não existe democracia plena porque 'democracia não é apenas ir às urnas para votar'". Ao que a representante venezuelana respondeu dizendo que seu país é um "modelo no mundo em matéria de direitos humanos" e acusando o argentino de "ingerência" em assuntos internos de Caracas.

O mediador natural deste conflito seria o governo social-democrata do Brasil, maior economia da região. Mas, acuada pela ameaça de um processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff se mantém fora da briga e "abre espaço para um novo protagonismo argentino", como descreve Marcio Resende. Para ouvir a íntegra do programa Linha Direta com o correspondente da RFI Brasil na Argentina, clique no link em cima da foto.

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