Governo colombiano e Farc chegam a acordo sobre desaparecidos

O governo colombiano e a guerrilha comunista das Farc deram neste sábado (17), em Havana, mais um passo importante para selar a paz ao chegarem a um acordo sobre a busca dos desaparecidos no conflito. O anúncio foi feito pelos mediadores diplomáticos de Cuba e da Noruega que acompanham as negociações.

O líder da delegação das Farc, Iván Márquez ( centro), durante entrevista coletiva neste sábado, em Havana. REUTERS/Enrique de la Osa

Segundo o diplomata cubano Rodolfo Benítez, o governo e as Farc chegaram a dois tipos de acordo: o primeiro visa adotar “as primeiras medidas humanitárias imediatas de busca, localização, identificação e entrega digna dos restos mortais dos desaparecidos”.

O segundo cria uma unidade especializada para levar adiante essa tarefa com o apoio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e o Instituto Médico Legal (IML) colombiano. Essa nova unidade deverá determinar o número exato de desaparecidos no conflito. Estimativas indicam que pode chegar a 51 mil pessoas.

O diplomata noruego Dag Nylander esclareceu que a unidade deverá "definir o número de pessoas tidas como desaparecidas no contexto e em função do conflito armado, fortalecer e agilizar os processos para a identificação dos restos mortais em coordenação com o IML”.

O acordo foi anunciado na noite deste sábado na capital cubana, onde se realizam a negociações de paz, diante das duas delegações lideradas por Humberto de la Calle (governo colombiano) e por Iván Márquez (Farc).

Avanços nas negociações

O pacto sobre os desaparecidos faz parte do compromisso histórico firmado no dia 23 de setembro entre o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e o chefe da guerrilha marxista, Timoleón Jiménez, conhecido como "Timochenko". Eles anunciaram o prazo até o dia 23 de março para concluir o acordo de paz.

As duas partes do conflito se comprometeram neste sábado a fornecer todas as informações necessárias sobre os desaparecidos, desde os lugares onde as vítimas estejam enterradas de maneira ilegal, ou sepultadas em cemitérios, mas sem serem identificadas.

"Hoje chegamos a acordos sobre uma série de medidas imediatas de construção de confiança que contribuam para as buscas, identificação e entrega digna de pessoas consideradas desaparecidas", afirmou Iván Márquez para a imprensa. O chefe da delegação do governo colombiano deixou Havana ainda na noite do sábado sem dar declarações a jornalistas.

A próxima rodada de negociações está prevista para o dia 27 de outubro.