Presidente Hollande inaugura em Guadalupe memorial dedicado à escravidão
Neste 10 de maio, data de comemoração do fim do tráfico negreiro e da abolição da escravidão na França, o presidente François Hollande inaugurou um memorial moderníssimo em Pointe-à-Pitre, na Guadalupe.A iniciativa gerou polêmicas.
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O local escolhido para acolher o Memorial ACTe não poderia ser mais simbólico: uma antiga usina de açúcar onde eram praticados trabalhos forçados no século XIX.
Em presença de trinta dirigentes africanos e caribenhos, Hollande fez um discurso inflamado, dizendo que "a única dívida que deve ser paga aos descendentes dos escravos é fazer a humanidade avançar"; uma referência ao pedido de indenização feito à França por alguns descendentes.
Em seu discurso, Hollande também lembrou que "infelizmente a escravidão não é uma história do passado, como provam as ações do grupo islâmico Boko Haram na África. "O combate não terminou", disse o presidente ao desembarcar no Caribe.
O Memorial ACTe não é somente um memorial em lembrança do tráfico de negros entre África e Caribe, mas enfoca a escravidão de forma global, desde a Antiguidade até os dias de hoje.
Polêmicas
O Memorial ACTe, mesmo rodeado de boas intenções, também causa polêmica como observou o enviado especial da RFI ao Caribe, Florent Guignard. Um dos motivos vem da própria história: o memorial lembra que os africanos foram cúmplices do tráfico negreiro, uma ideia rejeitada nos meios separatistas da Guadalupe.
Outra questão que gerou muita discussão foi o custo da iniciativa, cerca de €85 milhões, mais de R$280 milhões. O investimento parece paradoxal para uma ilha com alto índice de desemprego e pobreza, que atingem principalmente os descendentes de escravos.
O Memorial ACTe abrirá as portas em 7 de julho deste ano.
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