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Economia

Apesar da inflação, Argentina quer incentivar consumo até eleições

Um país com uma economia normal, previsível e em sintonia com o mundo. Parece um desejo simples dos argentinos para 2013, mas é exatamente o contrário do que prevêem os economistas. Os sinais do governo indicam mais inflação e mais intervenção numa economia cada vez mais fechada.

Recentes saques em postos de gasolinas e supermercados de San Fernando, na periferia de Buenos Aires, reavivam lembranças amargas da devastadora crise econômica argentina de 11 anos atrás.
Recentes saques em postos de gasolinas e supermercados de San Fernando, na periferia de Buenos Aires, reavivam lembranças amargas da devastadora crise econômica argentina de 11 anos atrás. REUTERS/Enrique Marcarian
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Márcio Resende, correspondente da Radio França Internacional em Buenos Aires

O primeiro desafio do governo, logo neste começo de ano, será reverter a sentença desfavorável da Justiça norte-americana que ordena a Argentina a pagar aos credores de fundos especulativos com dívida em moratória há 11 anos. A sentença, que está momentaneamente suspensa, coloca a Argentina tecnicamente perante um novo calote da dívida. Três outros grandes desafios vão marcar 2013 para a Argentina: crescimento econômico, restrições à compra de dólares e, sobretudo, inflação.

Os três pontos estão intrinsecamente ligados. Voltar a crescer depois de um 2012 em que a estagnação - ou a recessão - acabaram com uma média de 8% durante nove anos de crescimento econômico. Outro ponto é controlar uma inflação que ronda os 25% ao ano e já é a mais alta de toda a América Latina.

O investimento externo direto foge da Argentina, da política estatizante da presidente Cristina Kirchner e da intervenção do Estado nos negócios. O setor público tornou-se o grande motor da economia. O gasto do Estado disparou (48%) e o Banco Central não para de imprimir moeda (35%). A inflação deve aumentar em 2013 a 30% ao ano, segundo os analistas. A Argentina tem conseguido um fenômeno: combinar estagnação com inflação.

As restrições à compra de dólares revelaram que saíam mais dólares do que entravam no país - uma tendência contrária à dos demais países da região, que têm dificuldades para conter a enxurrada de dólares que entram. Neste ano, as contenção à compra de dólares continuará porque o objetivo do governo é que toda essa massa de dinheiro que circula no país transforme-se em consumo de produtos nacionais devido às restrições aos importados.

A sensação de consumo é crucial para os planos eleitorais de Cristina Kirchner. Em outubro, os argentinos vão às urnas para eleições legislativas. O governo pretende obter maioria absoluta no Congresso para poder modificar a Constituição e habilitar a reeleição indefinida. Seria a única forma de Cristina ter um terceiro mandato consecutivo e dar a continuidade do kirchnerismo que, em 2013, completa 10 anos no Poder.

 

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