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Cinco pessoas morreram em protestos no Haiti que pedem saída de primeiro-ministro

Os haitianos se manifestam há dias pela saída do primeiro-ministro, Ariel Henry, no poder desde o assassinato, em julho de 2021, do presidente Jovenel Moise. Ele se comprometeu a entregar o cargo em 7 de fevereiro de 2024, mas descumpriu o acordo. 

Haitianos protestam contra primeiro-ministro Ariel Henry, em Porto Príncipe em 6 de fevereiro de 2024.
Haitianos protestam contra primeiro-ministro Ariel Henry, em Porto Príncipe em 6 de fevereiro de 2024. REUTERS - RALPH TEDY EROL
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As manifestações exigindo que o primeiro-ministro deixe o poder vêm aumentando no Haiti há dias. Cinco funcionários de uma agência de proteção ambiental foram mortos na quarta-feira (7) em confrontos com a polícia. Neste data, Henry deveria ter deixado o poder, segundo um acordo político assinado em 2022. No entanto, ele continua no cargo.

O confronto ocorreu perto da capital Porto Príncipe. Os cinco agentes armados da Brigada de Segurança das Áreas Protegidas, organização que recentemente se amotinou contra o governo, dispararam contra os policiais que replicaram, disse uma fonte da polícia. Três outros funcionários da mesma agência foram presos, de acordo com a mesma fonte.

O acordo assinado entre o governo de Heny e alguns partidos políticos, em 21 de dezembro de 2022, também previa eleições que não foram realizadas. A crise política, de segurança, social e humanitária se agravou consideravelmente no país.

Milhares de pessoas manifestam-se desde o início da semana em Porto Príncipe e em todo o país para exigir a saída do chefe de governo.

Um afastamento também solicitado pelo grupo Montana, iniciado pela sociedade civil em 2021 para encontrar uma solução para a crise.

"Nós propomos uma transição de 24 meses para romper com as práticas criminosas e injustas de governos como o de Ariel Henry e precedentes, e para estabelecer um clima de paz", disse à RFI Monique Clesca, ex-funcionária das Nações Unidas, que faz parte do movimento.

"Queremos organizar eleições justas onde os haitianos possam recuperar a confiança no sistema eleitoral. Queremos também resolver os problemas humanitários: de 2022 a 2023, os assassinatos aumentaram quase 120%, os sequestros quase 83% e os estupros de meninas e mulheres aumentaram dramaticamente. Um terço da população vai para a cama com fome. 'Ariel Henry destruiu meu país', dizem os haitianos hoje em dia nas manifestações", afirma.

"Pedimos à população que se manifesta para fazer isso em paz", diz ela, argumentando que os protestos começaram de forma muito pacífica e tornaram-se violentos quando a polícia começou a bombardear as pessoas com gás lacrimogêneo.

"Se a própria polícia respeitasse os manifestantes, a maioria dos protestos não teria sido violenta. Gostaríamos que a polícia tivesse a capacidade de nos apoiar e proteger quando exigimos os nossos direitos", acrescenta.

Manifestações

As manifestações foram convocadas a pedido de vários partidos de oposição, aos quais se juntam agentes da Brigada de Segurança das Áreas Protegidas (BSAP), inicialmente responsável pela proteção das florestas, e está em rebelião contra o governo. O dia 7 de fevereiro é uma data ainda mais simbólica porque marca, no Haiti, o aniversário do fim da ditadura de Jean-Claude Duvalier, em 1986.

Terça-feira (6) à noite, uma delegacia de polícia em Ouanaminthe, no nordeste do país, foi atacada por manifestantes, segundo a imprensa local. As principais estradas e as escolas em todo o país estão fechadas desde segunda-feira (5) devido aos protestos. 

A República Dominicana, país vizinho ao Haiti, anunciou na quarta-feira que estava em “estado de alerta” e reforçou a segurança nas fronteiras devido aos protestos no Haiti.  

O assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021 mergulhou ainda mais o país mais pobre do continente americano no caos. Para responder à crise, o Conselho de Segurança da ONU concordou, em outubro, em enviar uma missão multinacional ao Haiti liderada pelo Quênia, para apoiar a polícia haitiana, dominada por gangues. 

Mas um tribunal de Nairóbi bloqueou o envio de agentes policiais ao Quênia no final de janeiro. O governo queniano anunciou que iria contestar esta decisão. 

"Não podemos colocar a questão da transição e do governo do Haiti nas mãos de um juiz, de um presidente ou de mil soldados do Quênia. A questão deve estar nas mãos dos haitianos", disse Monique Clesca. 

"Isto mostra precisamente a necessidade de renúncia do governo de Ariel Henry. Podemos pedir ajuda, mas devemos assumir a responsabilidade pela segurança dos nossos cidadãos", insiste. "Cabe aos haitianos resolver os seus problemas e propor soluções com, se necessário, ajuda internacional. Mas não podemos ficar de braços cruzados, pedindo esmolas aos quenianos que têm os seus próprios problemas e pensam que vão nos salvar. A transição que deve ocorrer é uma transição de ruptura com este governo resignado e incompetente", declara. 

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