Congresso americano cassa mandato de deputado George Santos por fraude e lavagem de dinheiro

O Congresso americano cassou na sexta-feira (1º) o mandato de George Santos, o deputado republicano nascido no Brasil acusado de crimes financeiros, que ficou conhecido por mentir sobre vários aspectos de sua vida. A Câmara dos Representantes utilizou esta sanção apenas cinco vezes em sua história.

O deputado americano George Santos (R-NY) fala com membros da mídia depois que seus colegas do Congresso votaram para não expulsá-lo da Câmara, após ter sido indiciado em 23 acusações federais de corrupção, no Capitólio em Washington, EUA, em 1º de novembro de 2023. REUTERS - JULIA NIKHINSON

Os parlamentares votaram esmagadoramente pela expulsão do deputado, encerrando um mandato tempestuoso marcado por revelações sobre falsificação de seu currículo, uma investigação na Câmara e um indiciamento por 23 acusações por crimes como fraude eletrônica e lavagem de dinheiro.

Santos sobreviveu a duas tentativas anteriores de cassação este ano – uma em maio e outra há um mês. Mas o deputado começou a perder apoio na semana passada, depois da Comissão de Ética da Câmara publicar um relatório de 56 páginas detalhando as acusações contra Santos.

Segundo o documento, ele teria enganado doadores usando o dinheiro de sua campanha com produtos de luxo, viagens pessoais a Las Vegas e aos Hamptons, (um balneário caro próximo de Nova York), tratamentos cosméticos, incluindo Botox, e uma assinatura do site de conteúdo adulto OnlyFans. Santos se declara inocente de todas estas acusações.

No dia 17 de novembro, o presidente da Comissão de Ética da Câmara dos Representantes de maioria republicana, Michael Guest, apresentou uma moção para excluir Santos, considerando-o “indigno de servir como membro” desta instituição.

Cerca de 100 republicanos e mais de 200 democratas votaram na sexta-feira para destituí-lo.

Mentiras

Logo após a sua eleição em novembro de 2022 e depois de revelações do jornal The New York Times, George Santos reconheceu ter mentido sobre partes inteiras da sua vida para embelezar o seu currículo. Ele admitiu nunca ter trabalhado nos grandes bancos americanos Goldman Sachs ou Citigroup, nem ter diploma da Universidade de Nova York (NYU).

Eleito pelo estado de Nova York, Santos, de 35 anos, também é acusado de inventar origens judias e que era neto de sobreviventes do Holocausto que fugiram da barbárie nazista.

"Aceitei meu destino. Se a vontade de Deus é me manter aqui, eu ficarei, se a vontade de Deus for que eu vá embora, eu irei embora", disse ele à Fox News na manhã desta sexta-feira.

O último parlamentar eleito da Câmara dos Representantes cassado foi o democrata de Ohio, James Traficant, deposto em 2002 por dez acusações, incluindo corrupção. Na semana seguinte, ele foi condenado a oito anos de prisão.

(RFI e AFP)