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Nove anos depois do sumiço de 43 estudantes no México, pais apontam ineficácia das investigações

Esta terça-feira (26) marca o nono aniversário do caso do desaparecimento dos 43 alunos da Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos, localizada em Ayotzinapa, no estado de Guerrero, no México. Familiares dos desaparecidos denunciam a falta de progresso nas investigações.

Para os parentes, não se trata mais de punir os responsáveis, mas de descobrir o que aconteceu e onde estão seus filhos.
Para os parentes, não se trata mais de punir os responsáveis, mas de descobrir o que aconteceu e onde estão seus filhos. AP - Eduardo Verdugo
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Parentes dos jovens seguem com muitas perguntas sobre quem estava envolvido no caso que marcou o país. Eles acusam o Exército mexicano e querem saber o que foi feito com os estudantes. O presidente Andrés Manuel López Obrador se reuniu com as famílias para entregar um novo conjunto de documentos, mas suas demandas continuam não atendidas.

Os 43 estudantes desapareceram quando tentavam pegar ônibus para viajar à Cidade do México e participar de uma manifestação. A versão oficial do governo vigente na época, do presidente Enrique Peña Nieto, acusou a polícia local e o crime organizado pelo assassinato e desaparecimento dos corpos.

"Não é o suficiente"

Investigações posteriores ao caso, no entanto, demoliram a alegação do governo Nieto e até mesmo respingaram no Exército mexicano. O Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes, o GIEI, apontou que os soldados sabiam dos eventos, apesar de terem inicialmente negado, e podem até ter sido testemunhas do crime.

Após anos de investigação, o GIEI encerrou sua missão, devido à falta de cooperação do Exército e à impossibilidade de acessar os documentos necessários. 

Isidoro Vicario, membro do Centro de Direitos Humanos de Tlachinollan, em Guerrero, e representante legal das famílias, explicou em entrevista a Manu Terradillos, da RFI, que mesmo após a prisão de vários militares, familiares das vítimas continuam insatisfeitos. "Dos 14 que foram presos, dois são oficiais de alta patente, mas para os pais [dos desaparecidos] isso não é suficiente porque eles não forneceram as informações necessárias para saber o paradeiro dos 43 estudantes", diz ele.

Para os parentes, não se trata mais de punir os responsáveis, mas entender o que aconteceu e onde estão seus filhos. "E para saber a esta altura, depois de nove anos, é essencial ter todas as informações das instituições", enfatiza Vicario.

"Não há muita diferença"

A chegada de López Obrador ao poder, em 2018, e suas promessas de levar os responsáveis à Justiça deram uma nova esperança às famílias. Mas o entusiasmo se transformou gradualmente em decepção diante da ausência de progressos concretos sobre o paradeiro dos jovens. No entanto, isso não fez com que elas perdessem a esperança de recuperar seus filhos.

De acordo com Isidoro Vicario, há "acima de tudo, muita exaustão física e emocional, mas, mesmo assim, eles ainda esperam saber a verdade sobre o que aconteceu com seus filhos". Pelo menos os pais também declararam publicamente que, enquanto não tiverem provas conclusivas e científicas do que aconteceu com os alunos ou provas de que os alunos não estão mais vivos, eles continuam mantendo a esperança de exigir a apresentação de seus filhos vivos".

Vicario também enfatiza que os parentes deram "um voto de confiança" à administração de López Obrador, o que é diferente de quando os fatos ocorreram durante o governo de Enrique Peña Nieto. Mas "com o passar dos anos, eles estão vendo que não há muita diferença", apesar de um discurso de apoio aos pais, lamenta ele.

Vidulfo Rosales, advogado dos pais dos 43 jovens, disse que a investigação do governo de López Obrador está mais próxima da "verdade histórica". Foi dessa forma que o ex-presidente Peña Nieto se referiu ao caso e chegou a sugerir que os estudantes foram detidos por policiais, em conluio com criminosos, quando foram confundidos com membros de um cartel rival.

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