Apesar de cessar-fogo, violência na Colômbia aumenta; população vai às ruas contra presidente
A Colômbia registrou um aumento de massacres no primeiro semestre de 2023, além de uma preocupante "expansão territorial" dos grupos armados, apesar das tréguas firmadas este ano entre o Governo e guerrilheiros. É o que mostra um relatório apresentado na terça-feira (15) pelas Nações Unidas.
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Ao todo, foram registradas 52 chacinas entre janeiro e junho de 2023, um aumento de 11% em relação ao segundo semestre do ano passado. "Nos ataques confirmados, continuamos observando que um grande número é praticado por grupos armados não-estatais e organizações criminosas", declarou a representante do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos na Colômbia, Juliette De Rivero, durante a apresentação de um relatório sobre a situação humanitária no país.
Esses 52 massacres - assassinatos simultâneos de pelo menos três pessoas, de acordo com a definição das Nações Unidas - deixaram 168 mortos, incluindo 19 menores.
A representante da ONU também expressou sua preocupação com “a contínua expansão territorial de grupos armados e suas estratégias violentas de controle social sobre populações civis e organizações de base, apesar do processo de diálogo proposto” firmado com o governo.
O presidente Gustavo Petro anunciou em 31 de dezembro um cessar-fogo bilateral com cinco das principais organizações armadas do país. Esta trégua falhou, mas um novo cessar-fogo foi estabelecido com o Exército de Libertação Nacional (ELN) desde 3 de agosto.
Novos protestos contra o presidente
No poder há um ano, Petro, o primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia, tenta implementar uma política de "paz total" destinada a desarmar guerrilheiros, grupos armados e gangues criminosas para acabar com a violência no país. Os esforços, porém, acabaram sendo ofuscados pelas denúncias envolvendo o Governo.
Nesta quarta-feira (16), estão previstas manifestações em todo o país a pedido da oposição. A nova mobilização protesta contra o escândalo de lavagem de dinheiro ligado ao filho mais velho do presidente e contra a insegurança no país.
"Renuncie ou faça justiça", é sob este lema que os manifestantes irão se reunir em 13 cidades da Colômbia. “Devemos nos mobilizar para que se faça justiça no escândalo envolvendo Nicolas Petro e o presidente", declarou o senador Miguel Uribe, um dos organizadores do dia de mobilização.
Nos últimos dez dias, as revelações sobre o filho mais velho do presidente têm feito muito barulho. Ele foi preso por lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito. Durante o interrogatório, Nicolas Petro afirmou ter recebido dinheiro de ex-traficantes, e que parte do dinheiro também foi usado na campanha presidencial de seu pai.
FARC
Além deste escândalo político, que se soma a outros revelados nos últimos meses, os manifestantes exigem medidas para garantir a segurança no país. No último fim de semana, diversos policiais foram mortos no departamento de Cauca, em ataques atribuídos a dissidentes das ex-guerrilhas das FARC.
Para a oposição ao presidente Petro, o plano de paz total anunciado pelas autoridades permite, na verdade, que os grupos armados se fortaleçam. As manifestações contra o presidente têm se tornado frequentes nos últimos meses.
(Com informações da AFP)
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