Acessar o conteúdo principal

Corte Interamericana denuncia indícios de execução de manifestantes durante crise no Peru

Após enviar uma missão ao Peru para investigar a repressão policial contra protestos no país, a Corte Interamericana de Direitos Humanos denunciou indícios de detenções arbitrárias e até mesmo de execuções extrajudiciais entre dezembro e fevereiro, especialmente no sul do país. Foram registradas 50 mortes de manifestantes durante a onda de protestos contra a presidente do Peru, Dina Boluarte. 

Manifestantes correm durante conflito contra a polícia em Lima, no Peru, em protesto no dia 28 de janeiro de 2023.
Manifestantes correm durante conflito contra a polícia em Lima, no Peru, em protesto no dia 28 de janeiro de 2023. REUTERS - PILAR OLIVARES
Publicidade

Com informações de Paula Estañol, da RFI

A corte ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA) apresentou um relatório nesta semana no qual aponta a responsabilidade de agentes do Estado em "múltiplas" mortes de civis e pede à Justiça peruana que "investigue, julgue e puna" os responsáveis.

"Uma das conclusões desse relatório é que houve uso desproporcional da força em situações específicas e que isso se somou à reação excessiva do Estado nas diferentes regiões onde foram realizadas manifestações, particularmente em Ayacucho", explica Stuardo Ralon, vice-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, em entrevista à RFI

Nesta cidades do sul do Peru, dez manifestantes foram mortos, oito deles durante um protesto que tentou tomar o aeroporto local, no dia 15 de dezembro.

"Quando analisamos as autópsias dos corpos, vemos que alguns deles foram atingidos por armas de fogo ou balas de borracha. Portanto, concluímos que pode ter sido uma execução extrajudicial. Mas as autoridades devem investigar e os responsáveis devem ser punidos", acrescentou.

Presidente sob investigação 

A destituição do ex-presidente Pedro Castillo, no início de dezembro de 2022, e a posse de Dina Boluarte, sua ex-vice-presidente, provocou uma onda de protestos violentos ao longo de três meses que foram duramente reprimidos em todo o país.

"Durante semanas, enquanto as forças de segurança matavam manifestantes e pedestres, o governo de Boluarte parecia fazer vista grossa", critica César Muñoz, diretor da Human Rights Watch (HRW) nas Américas. Ao todo, cinquenta manifestantes morreram durante a recente crise no Peru

Os protestos também resultaram em mortes de agentes de forças de segurança: seis soldados se afogaram após serem arrastados por um rio enquanto tentavam fugir de manifestantes, e um policial foi morto. No total, mais de 1.300 pessoas ficaram feridas nas manifestações.

O governo peruano rejeitou categoricamente as acusações da CIDH, em uma entrevista coletiva da presidente. Boluarte rechaçou "a suposta existência de execuções extrajudiciais e a qualificação de massacre, mesmo que se mencione de forma condicional nos fatos ocorridos durante os protestos".

Desde janeiro, a presidente peruana e vários ministros e ex-ministros estão sendo investigados pelo Ministério Público por supostos crimes de "genocídio, homicídio agravado e lesões graves". Dina Boluarte, no entanto, tem imunidade até o fim de seu mandato, em julho de 2026.

(Com AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.