Acessar o conteúdo principal

Biden recebe deputados afro-americanos para discutir violência policial nos EUA

No dia seguinte ao funeral de Tyre Nichols, o presidente norte-americano Joe Biden planeja receber membros do grupo parlamentar afro-americano na Casa Branca nesta quinta-feira (2). O objetivo da reunião é "discutir legislação sobre reforma policial e outras prioridades comuns", segundo uma porta-voz.

A presença da vice-presidente Harris enfatiza o impacto político deste novo caso de brutalidade policial. O próprio presidente americano, Joe Biden, se declarou "indignado e profundamente triste" pelas imagens da abordagem dos agentes e falou com a família de Nichols para saudar sua "valentia e força".
A presença da vice-presidente Harris enfatiza o impacto político deste novo caso de brutalidade policial. O próprio presidente americano, Joe Biden, se declarou "indignado e profundamente triste" pelas imagens da abordagem dos agentes e falou com a família de Nichols para saudar sua "valentia e força". REUTERS - LEAH MILLIS
Publicidade

"Uma bela alma" cuja vida foi ceifada cedo demais por "um ato violento da polícia", disse o reverendo que prestou homenagem ao jovem negro morto por espancamento policial pós uma blitz de trânsito banal. O crime chocou os Estados Unidos. 

Na quarta-feira (1º), em Memphis, durante o funeral de Tyre Nichols, todos os presentes, incluindo a vice-presidente Kamala Harris, se insurgiram contra a violência policial.

A presença da vice-presidente ressalta o impacto político da morte de Nichols. O próprio presidente Joe Biden se declarou "indignado e profundamente magoado" com as imagens do episódio e conversou com a família de Nichols para saudar "sua coragem e força", horas antes da publicação das imagens de sua prisão brutal.

"O presidente Biden está decidido a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que o nosso sistema judicial atenda às expectativas de imparcialidade e dignidade para todos", disse o funcionário da Casa Branca.

RowVaughn Wells e Rodney Wells, pais de Tyre Nichols, também foram convidados pelo grupo parlamentar que reúne autoridades afro-americanas eleitas para assistir ao discurso de Biden sobre o Estado da União em 7 de fevereiro no Congresso em Washington.

Na quarta-feira, a polícia norte-americana voltou a ser acusada de uso excessivo da força após a morte, na Califórnia, durante uma de suas intervenções, de mais um afro-americano.

Reivindicação de reforma da polícia

Após a morte de Nichols, houve manifestações exigindo reformas drásticas na aplicação da lei. As autoridades temem que os protestos se tornem violentos, como após a morte de George Floyd, embora no momento as manifestações tenham sido pacíficas.

Em meio às lágrimas, RowVaughn Wells, mãe de Tire Nichols, pediu ao Congresso que aprovasse um projeto de lei de reforma da polícia chamado George Floyd, que atualmente está parado. "Porque se não o fizermos, esse sangue, o da próxima vítima que morrer, vai manchar suas mãos", ele implorou.

Kamala Harris acusa a polícia

Depois de ter abraçado por muito tempo a mãe de Tyre Nichols na igreja de Memphis, onde a homenagem foi organizada, Kamala Harris criticou duramente a polícia que o espancou, enquanto ele gritava não ter feito nada e pedia ajuda.

"Ele não tinha o direito de estar seguro?", perguntou a vice-presidente. “Aqui está uma família que perdeu o filho e o irmão após um ato de violência” perpetrado por “pessoas responsáveis ​​pela sua proteção”, martelou Harris.

O reverendo Al Sharpton, uma figura dos direitos civis que fez a oração fúnebre na Mississippi Boulevard Christian Church, disse que ficou particularmente afetado pelo fato de os cinco policiais serem negros.

"Na cidade onde (Martin Luther) King perdeu a vida (...), vocês espancaram um irmão até a morte", disse ele.

“Não há nada mais ofensivo, para nós que lutamos para abrir as portas, que vocês entrem por essas portas e ajam como as pessoas contra as quais tivemos que lutar para que vocês pudessem entrar por essas portas”, disse ele diante de uma multidão que o aplaudiu de pé.

"Uma boa pessoa"

Tyre Nichols, 29, foi preso no dia 7 de janeiro por agentes de uma unidade especial em Memphis, no sul dos Estados Unidos, por infração de trânsito, segundo a polícia.

Ele foi espancado implacavelmente, tanto que ficou irreconhecível, segundo a família, e morreu três dias depois no hospital. Os cinco policiais envolvidos no caso foram demitidos e acusados ​​de homicídio.

As imagens insuportáveis ​​da detenção foram transmitidas, sem cortes, pelos maiores canais do país, suscitando nas autoridades o temor de uma revolta social.

Durante o culto desta quarta-feira, foram projetadas fotos tiradas por Tyre Nichols, que tinha um site dedicado à fotografia, e vídeos dele andando de skate, outra de suas paixões.

O jovem era "uma boa pessoa", insistiu o reverendo J. Lawrence Turner.

Irmão de George Floyd esteve no funeral

Um símbolo forte, um dos irmãos de George Floyd, homem negro na casa dos 40 anos cuja morte em 2020 sob o joelho de um policial branco desencadeou grandes manifestações antirracistas, esteve presente no funeral.

"Este é apenas o começo", prometeu o pai de Tyre Nichols, Rodney Wells. "Esperamos justiça para todas as famílias, não só para a nossa."   

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.