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EUA: não houve "onda republicana" nas eleições de meio mandato, diz analista francês

Os primeiros resultados das eleições de meio mandato nos Estados Unidos, nesta quarta-feira (9), mostram que o avanço do partido Republicano pode ter sido menor do que o esperado. A apuração ainda deve demorar vários dias. 

Um homem na frente de um local de votação na Flórida, nos Estados Unidos.
Um homem na frente de um local de votação na Flórida, nos Estados Unidos. © AP/Ringo H.W. Chiu
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Os republicanos devem obter a maioria das 435 cadeiras na Câmara dos Representantes, mas, no Senado, que deve ser renovado em um terço, a situação permanece indefinida.

O pleito é considerado decisivo para o futuro político do presidente Joe Biden e de Donald Trump, que não descarta uma futura candidatura nas próximas eleições presidenciais, em 2024. "Não há uma grande onda republicana, pelo contrário: mesmo que eles vençam na Câmara dos Representantes, será com uma estreita margem", avalia Corentin Sellin, professor de história francês especialista nos Estados Unidos.

Uma das primeiras surpresas após a divulgação dos primeiros resultados, nesta quarta-feira, foi a eleição do democrata John Fetterman como senador da Pensilvânia. Essa vitória abre a possibilidade para os democratas de manter o controle da Senado, que dependerá dos resultados nos estados do Nevada, Georgia e Arizona, lembra Corentin Sellin.

Na Câmara dos Representantes, a situação ainda é bastante indefinida. "As duas últimas eleições de meio mandato de um presidente democrata (Barack Obama em 2010 e Clinton em 1994) foram um desastre total, com a perda de 60 cadeiras na Câmara dos Representantes. Não é o caso hoje", analisa o especialista francês. 

Defensores do direito ao aborto protestam em frente à Corte Suprema, em dezembro de 2021 em Washington
Defensores do direito ao aborto protestam em frente à Corte Suprema, em dezembro de 2021 em Washington © AP/Jose Luis Magana

Debate em torno do aborto pode ter sido decisivo

Além de deputados e senadores, os americanos também vão eleger secretários de Estado locais, governadores, procuradores e outros responsáveis, que serão encarregados de tomar decisões em nível local. Entre elas, os resultados dos referendos sobre o direito ao aborto, ameaçado no país após suspensão pela Corte Suprema, em junho. 

Para Corentin Sellin, o debate em terno do aborto pode ter influenciado o comportamento dos eleitores, principalmente mulheres. "Houve muitos referendos para constitucionalizar a proteção local e assegurar esse direito. No Kentucky, por exemplo, um estado conservador e republicano, o direito ao aborto está prestes a vencer. Isso mostra uma mobilização do eleitorado feminino", diz.

Uma outra vitória dos democratas, sublinha, foi a obtenção de dois cargos de governadores em Maryland e Massachusetts, onde Maura Healeay será a primeira lésbica a comandar um estado. Os democratas também  ainda podem vencer no Arizona, disputado pela trumpista Kari Lane, dada como favorita, e a democrata Katie Hobbs.   

Na Flórida, o democrata, Maxwell Frost, de 25 anos, se tornou o primeiro membro da "Geração Z" a entrar para o Congresso, com uma cadeira na Câmara de Representantes. A democrata Kathy Hochul também manteve a liderança  no governo do estado de Nova York, onde os republicanos acreditavam que poderiam derrotá-la.

O presidente Joe Biden fala em um evento de campanha para o governo de Nova York, Kathy Hochul, domingo, 6 de novembro de 2022, no Sarah Lawrence College em Yonkers, N.Y.
O presidente Joe Biden fala em um evento de campanha para o governo de Nova York, Kathy Hochul, domingo, 6 de novembro de 2022, no Sarah Lawrence College em Yonkers, N.Y. AP - Patrick Semansky

Resultados surpreendem Biden

Por hora, os resultados surpreendem Biden e sua equipe. Apesar da inflação alta, que atinge diretamente o poder aquisitivo dos americanos, a queda de popularidade e os ataques violentos do ex-presidente Donald Trump, a situação política de Biden no Congresso após as legislativas pode ser mais simples de gerenciar do que a de seus antecessores, Barack Obama e Bill Clinton. 

Donald Trump espera poder se relançar em uma nova corrida presidencial após as eleições de meio mandato. Na segunda-feira, ele antecipou em um comício que fará "um grande anúncio" no dia 15 de novembro, e questionou a conformidade das operações de votação. Ele insistiu em que algumas máquinas não funcionaram bem em uma circunscrição do Arizona.

"As máquinas de votação não estão funcionando corretamente em áreas republicanas/conservadoras", disse. "Estaria acontecendo a mesma fraude eleitoral que ocorreu em 2020?", questionou em postagem em sua plataforma, Truth Social. As autoridades locais admitiram o problema, mas garantiram que os eleitores tiveram outras opções para votar.

Mais de 40 milhões de eleitores votaram nesta terça-feira. Durante a campanha, os democratas se apresentaram como defensores da democracia e do direito ao aborto e os conservadores se colocaram como garantidores da ordem frente a uma denominada esquerda "indulgente e radical" nos temas de segurança e imigração.

(Com informações da RFI e AFP)   

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