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Aborto: “Kansas defendeu direitos fundamentais”, diz governadora do Estado

Eleitores em Kansas, no meio-oeste dos Estados Unidos, votaram a favor da garantia constitucional do aborto nesta terça-feira (2), na primeira grande votação sobre o tema desde que a Suprema Corte americana derrubou o direito federal à interrupção voluntária da gravidez.

Defensores do "não" à mudança da Constituição do Kansas sobre direitos ao aborto comemoram sua vitória em 2 de agosto de 2022.
Defensores do "não" à mudança da Constituição do Kansas sobre direitos ao aborto comemoram sua vitória em 2 de agosto de 2022. AP - Evert Nelson
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Os eleitores deste estado conservador rejeitaram uma emenda que removeria o texto que garantia o direito ao aborto na Constituição estadual e poderia ter aberto caminho para uma regulamentação mais rígida ou uma proibição. A eleição foi vista como um teste político em nível nacional, muitos estados conservadores já proibiram ou pretendem banir rapidamente qualquer direito ao aborto.

Assim que o resultado foi anunciado, os defensores do direito ao aborto comemoraram a vitória a seu favor em um debate altamente controverso que ocorre nos Estados Unidos. Este é um resultado "notável", declarou Ashley All, porta-voz da campanha pelo direito ao aborto. "O povo do Kansas entendeu que esta emenda imporia o controle do Governo sobre as decisões médicas privadas", acrescentou ela.

“Os cidadãos do Kansas defenderam direitos fundamentais hoje [terça-feira]”, tuitou a governadora democrata do Estado, Laura Kelly.

Momentos após o fechamento das urnas, às 19h locais, o superintendente eleitoral do Kansas, Scott Schwab, revelou que a participação foi de pelo menos 50% dos eleitores, um número em linha com as expectativas para esse tipo de votação. Ao meio-dia, cerca de 250 eleitores já haviam passado pelo posto de votação de Olathe, nos subúrbios de Kansas City, o mesmo número de uma eleição presidencial, de acordo com a agente eleitoral Marsha Barrett. "Esta eleição é uma loucura", declarou ela à AFP. "As pessoas estão determinadas a votar."

Pelo respeito à esposa e à filha

Aos 19 anos, Morgan Spoor votou pela primeira vez e garantiu que queria promover "o direito de escolha". "Eu realmente quero que minha voz seja ouvida, especialmente como mulher. Acho que ninguém pode dizer o que uma mulher pode fazer com seu corpo", defendou ela.

O morador de Prairie Village, Chris Ehly, também se manifestou contra a mudança da Constituição para "respeitar" sua esposa e sua filha, "categóricas sobre o assunto", disse.

Contrária ao aborto, Sylvia Brantley, de 60 anos, disse "sim" à mudança do texto porque acha que "os bebês também importam". Ela afirmou que quer mais regulamentações, para que o Kansas não seja um lugar "onde bebês são mortos".

Ainda que os defensores do aborto tenham conquistado uma vitória clara no Kansas, eles estão acompanham com ansiedade os estados vizinhos Missouri e Oklahoma, que impuseram proibições quase totais à interrupção voluntária da gravidez. O Missouri não permite exceções nem para gravidez em caso de estupro nem em caso de incesto.

Eleições de meio de mandato

Outros estados, incluindo Califórnia e Kentucky, devem votar sobre a questão em novembro, coincidindo com as eleições parlamentares de meio de mandato, quando republicanos e democratas esperam reunir seus apoiadores em torno do aborto.

O resultado no Kansas significa que o aborto permanecerá legal até 22 semanas de gravidez. É necessária a autorização dos pais em caso do procedimento para menores.

A votação, que coincidiu com as primárias do Kansas, representou a primeira oportunidade para os eleitores americanos expressarem suas opiniões sobre o aborto desde que a Suprema Corte revogou a decisão histórica de 1973, Roe versus Wade. Os democratas apoiam fortemente os direitos ao aborto, enquanto os conservadores geralmente apoiam pelo menos algumas restrições.

Mas, no Kansas, a realidade política é mais complicada. O estado é fortemente republicano e não vota em um democrata na Casa Branca desde 1964. O condado mais populoso do Kansas, no entanto, elegeu uma democrata, Sharice Davids, para a Câmara dos Deputados em 2018, e a governadora do estado, Laura Kelly, também é democrata.

De acordo com uma pesquisa de 2021, menos de 20% dos entrevistados no Kansas concordaram que o aborto deveria ser ilegal, mesmo em casos de estupro e incesto.

(Com informações da AFP)

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