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Escalada de violência no Haiti: gangue ataca micro-ônibus e sequestra 38 pessoas

Uma das principais gangues do Haiti desviou dois micro-ônibus nesta sexta-feira (10) em Porto Príncipe e sequestrou os motoristas e todos os passageiros. Segundo as Nações Unidas, apenas no mês de maio o país caribenho registrou pelo menos 200 sequestros, a maioria deles na capital.

Gangues haitianas erguem barricadas nas regiões que controlam (imagem ilustrativa)
Gangues haitianas erguem barricadas nas regiões que controlam (imagem ilustrativa) AP - Odelyn Joseph
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Com informações da AFP e de Amélie Baron, correspondente da RFI em Porto Príncipe

Os veículos estavam deixando Miragoane, a 100 quilômetros ao oeste da capital, quando os membros de uma gangue vindos do Village de Dieu (Vilarejo de Deus) surgiram e capturaram os dois motoristas e os 36 passageiros.

O crime foi cometido por um sob o comando de "Izo", apelido do chefe conhecido do grupo, que não hesitou em divulgar vídeos nas redes sociais reivindicando o ato. Nas imagens, ele aparece mascarado, cercado de pessoas que afirma serem os passageiros dos micro-ônibus.

Méhu Changeux, presidente de um sindicato de motoristas de ônibus e caminhões, confirmou os fatos. Segundo ele, até o fechamento da reportagem nenhum resgate havia sido solicitado.

Esse sequestro é apenas mais um episódio na escalada de violência que toma conta do Haiti, país que há mais de um ano sofre com a ação de grupos armados, principalmente na região onde os micro-ônibus foram capturados. Os motoristas são aconselhados a evitar passar pelo local, mas nem todos os moradores têm escolha. O caminho alternativo, passando pela montanha, custa muito mais caro e “muita gente continua correndo risco simplesmente por não poder pagar o transporte por uma rota diferente”, relatou Méhu Changeux.

País mais pobre do continente americano

Há quase um ano, o presidente Jovenel Moise foi assassinado em sua residência na capital, mergulhando o Haiti em uma crise política ainda mais profunda e aumentando a insegurança. O terremoto de agosto do mesmo ano, que matou 2.000 pessoas, piorou o já caótico contexto no país e os episódios violentos, inclusive envolvendo estrangeiros, se multiplicaram.  

Em outubro passado, um grupo de missionários norte-americanos foi raptado por membros de uma gangue em Porto Príncipe. Na semana passada, três mulheres foram libertadas após um mês sequestradas. As reféns, de nacionalidade turca, foram atacadas quando faziam um trajeto de ônibus saindo de Santo Domingo, na vizinha República Dominicana. Cinco de seus compatriotas, que estavam no veículo, continuam detidos. O grupo havia sido capturado por uma gangue que controla toda a região que vai do leste de Porto Príncipe até a fronteira dominicana.

No final de março, a periferia da capital de Porto Príncipe virou uma verdadeira zona de guerra, com tiroteios entre grupos armados que brigam pelo controle da região. Durante dias, os moradores ficaram trancados em casa, no fogo cruzado.

A ação de grupos armados fez milhares de pessoas abandonarem suas cidades, comprometendo ainda mais a atividade econômica no país mais pobre do continente americano.

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