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Com Trump infectado e Biden em alta, debate entre vices ganha relevância inesperada na campanha americana

O balanço da administração Trump na epidemia de coronavírus, que já deixou mais de 210.000 mortos nos Estados Unidos, será o principal tema do debate nesta quarta-feira (7) entre os candidatos a vice-presidente, Mike Pence e Kamala Harris. O vice republicano dirige o comitê de crise da Covid-19 no governo e pode surpreender nas respostas aos prováveis ataques da democrata, também experiente nesse tipo de exercício.

Mike Pence e Kamala Harris se enfrentam nesta quarta-feira no único debate dos candidatos a vice da campanha presidencial americana.
Mike Pence e Kamala Harris se enfrentam nesta quarta-feira no único debate dos candidatos a vice da campanha presidencial americana. AFP/File
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O duelo acontece na Universidade de Utah, em Salt Lake City, e será o único debate entre os vices nesta campanha presidencial. Os dois testaram negativo para o coronavírus. Mesmo assim, as medidas de segurança foram reforçadas. Kamala e Pence ficarão a uma distância de cerca de 4 metros um do outro. Haverá ainda uma barreira de plexiglas entre os adversários, depois que Trump foi infectado e a Casa Branca se revelou um grande foco de contaminação da doença.

O estilo de Pence, 61 anos, cristão fervoroso e de temperamento disciplinado, contrasta com a impetuosidade de Trump. Mas por trás dessa fachada aparentemente apagada, republicanos e democratas destacam as qualidades de orador aguerrido. Em 2016, durante o debate contra Tim Kaine, então candidato a vice na chapa de Hillary Clinton, Pence surpreendeu a plateia.

Advogado, ex-apresentador de rádio, ex-deputado e ex-governador do estado de Indiana, Pence toma decisões sobre a epidemia do coronavírus desde fevereiro, quando foi nomeado por Trump para esta função, sem entrar em choque com a estratégia do presidente, que é de minimizar a gravidade da infecção viral.

Para Trump, além da lealdade, o vice agrega os votos de uma base eleitoral conservadora, formada por cristãos brancos, que se revelaram fundamentais para a vitória de Trump em 2016. Mais uma vez, ele faz campanha visando esse público apegado a valores familiares tradicionais. Pence é antiaborto, contra o casamento entre homossexuais e contra o acolhimento de refugiados em seu estado.

O estilo de Kamala

Na Universidade de Utah, esta noite, esse perfil conservador vai bater de frente com o estilo carismático e afiado de Kamala Harris, 55 anos, a primeira mulher negra a concorrer ao cargo de vice-presidente no país. Filha de um professor jamaicano e de uma pesquisadora indiana, Harris é tida como uma política em sintonia com as necessidades e preocupações de mulheres e de imigrantes. "A candidata" capaz de injetar energia e vitalidade à ambição de Joe Biden, que disputa a Casa Branca aos 77 anos.

A trajetória de Kamala, no entanto, é alvo de críticas dos setores mais à esquerda do partido por sua atuação considerada intransigente em relação às minorias, quando ocupou o cargo de Procuradora da Califórnia. Uma crítica que não deve impedir que ela atraia votos de eleitores negros e mulheres, essenciais para impedir a reeleição do presidente republicano.

Em Michigan, Carolina do Norte, Nevada ou Flórida, estados-chave que desempenharão um papel decisivo na votação de 3 de novembro, ela ofereceu nas últimas semanas uma imagem mais dinâmica do que Biden. Sempre de máscara contra o coronavírus e respeitando as distâncias de precaução como seu colega de chapa, Kamala dançou nas ruas das cidades por onde passou. E foi de tênis Converse nos pés que conheceu a família de Jacob Blake, um negro gravemente ferido pela polícia, em meio a uma revolta histórica contra o racismo nos Estados Unidos.

Com uma carreira brilhante, digna do melhor sonho americano, apesar dos capítulos polêmicos, a senadora, que sonhava em se tornar a primeira presidente negra dos Estados Unidos, espera se tornar a primeira vice-presidente mulher. A próxima etapa será, sem dúvida, ocupar o mesmo Salão Oval que Barack Obama inaugurou para os afrodescendentes, em janeiro de 2009.

Trump reforça ataques na véspera do debate

Trump voltou a menosprezar a pandemia na noite de terça-feira, reclamando que a imprensa colocou o coronavírus no centro da campanha eleitoral, veiculando, segundo ele, "notícias falsas". Em um boletim divulgado nesta terça-feira (6), o médico da Casa Branca, Sean Conley, garantiu que o presidente não tem mais nenhum sintoma da Covid-19 e que passa bem.

Por outro lado, Biden ameaça não participar do segundo debate com o rival republicano, previsto na semana que vem, pelo risco de Trump ainda estar contagioso. O democrata abriu vantagem nas pesquisas e ultrapassou Trump em 16 pontos. Segundo uma sondagem nacional (CNN/SSRS), divulgada nesta terça-feira (6), Biden tem 57% das intenções de voto contra 41% para Trump.

https://www.rfi.fr/br/am%C3%A9ricas/20200727-eua-registram-recorde-de-candidatas-negras-para-elei%C3%A7%C3%B5es-de-novembro

Em outra frente de atrito com a oposição, o presidente americano anunciou, pelo Twitter, o congelamento das discussões entre a sua administração e os democratas sobre um novo plano de apoio à economia americana para compensar o impacto da crise sanitária. Com o anúncio, as bolsas americanas registraram queda e fecharam em baixa.

Os Estados Unidos têm o maior número de casos de coronavírus no mundo, com mais de 7 milhões de contaminados desde o início da pandemia.

 

 

 

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