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Covid-19: Argentina recomenda sexo virtual e lavagem de mãos e brinquedos sexuais após masturbação

Como exercício de uma sexualidade segura em tempos de coronavírus, o governo argentino recomendou sexo virtual e lavagem de mãos e de brinquedos sexuais depois da masturbação aos que não convivem juntos. Na luta contra a propagação da Covid-19, a prefeitura de Buenos Aires também proibiu a circulação dos idosos até mesmo para irem a supermercados e farmácias.

Segundo o Ministério da Saúde da Argentina, o sexo virtual pode ser uma boa solução para pessoas que não podem se encontrar devido ao confinamento imposto para combater a propagação do coronavírus.
Segundo o Ministério da Saúde da Argentina, o sexo virtual pode ser uma boa solução para pessoas que não podem se encontrar devido ao confinamento imposto para combater a propagação do coronavírus. AFP
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Correspondente da RFI em Buenos Aires

Sem tabus nem metáforas, o Ministério da Saúde da Argentina tocou em um dos assuntos que mais afetam os solteiros em tempos de pandemia: o sexo casual dificultado devido ao estrito isolamento aplicado no país desde 20 de março.

"Existem muitos aplicativos online para conhecer pessoas, mas é preciso entender que o melhor é evitar encontrar-nos com pessoas com quem não convivemos. Para isso, há ferramentas disponíveis como chamadas de vídeo, sexo virtual e 'sexting', que podem ser boas alternativas", indicou o médico infectologista José Barletta, do Departamento de resposta ao HIV, ITS, Hepatite e Tuberculose do Ministério da Saúde.

"É mais importante do que nunca a lavagem de mãos depois das relações sexuais, depois da masturbação ou depois do sexo virtual. É importante lavar e desinfetar teclados, celulares, brinquedos sexuais e qualquer outro objeto que tenhamos usado, mesmo que não tenha sido compartilhado com outras pessoas", acrescentou Barletta.

A indicação fez parte do boletim diário emitido em rede nacional de TV com autoridades do Ministério da Saúde. Na mais recente alocução, o objetivo foi tirar dúvidas sobre a prática sexual em tempos de pandemia.

Transmissão do vírus por sexo oral ou anal

Além da transmissão ao vivo ao país, indicações estão na página do Ministério da Saúde no capítulo "Recomendações para o exercício de uma sexualidade segura no contexto da Covid-19".

"Nesta emissão, vamos falar sobre sexo seguro em tempos da Covid-19, um assunto sobre o qual muitas pessoas não têm coragem de consultar", anunciou Carla Vizzotti, secretária de Acesso à Saúde, cargo equivalente ao de vice-ministra.

O médico José Barletta explicou que "existem poucas precisões sobre o que acontece com o sêmen e com outros tipos de secreções corporais" no organismo de uma pessoa contaminada. "Há pouca informação disponível atualmente sobre se o vírus elimina-se através do sêmen e das secreções da vagina e do reto", disse Barletta, apontando que "é provável que o coronavírus seja transmitido através do sexo oral ou anal".

Consultado sobre as recomendações do Ministério da Saúde, o presidente argentino, Alberto Fernández, mesmo entre risos e pedidos para "não ter de dar uma opinião sobre o assunto", respondeu: "Se o Ministério da Saúde diz, siga a recomendação".

Idosos proibidos de circular

O presidente também avalizou a decisão da prefeitura de Buenos Aires que proíbe os maiores de 70 anos de circularem. "Não interpretem isso como uma ofensa ou como um ataque à liberdade, mas como um modo de cuidar", pediu Alberto Fernández.

A partir de segunda-feira (20), os maiores de 70 anos já não poderão ir ao supermercado nem à farmácia. Precisarão obter uma permissão diária para fazer compras, ir pagar contas ou passear os bichos de estimação. Ficam excluídas proibições às saídas para ir ao médico, à vacinação e a receber o pagamento da aposentadoria.

A medida baseia-se na média de 71 anos de idade para os 122 falecidos por coronavírus na Argentina. No mundo, oito de cada dez mortos são maiores de 70 anos. Do total de 2,7 milhões de pessoas na cidade de Buenos Aires, 490 mil têm mais de 70 anos.

O prefeito da capital argentina, Horacio Rodríguez Larreta, argumentou que "a medida é dissuasiva e não procura proibir ninguém de exercer a sua liberdade, mas evitar, o máximo possível, que tenha de sair de casa".

Os idosos que precisarem sair de casa deverão entrar em contato com o governo que tentará solucionar o problema, eventualmente, através do envio de voluntários para pagarem contas ou para passearem cachorros.

A proibição gera controvérsias. O defensor de Justiça para a Terceira Idade, Eugenio Semino, classificou a medida como "discriminatória". A célebre escritora Beatriz Sarlo, de 78 anos, definiu-a como "um estado de sítio seletivo".

Mesmo diante da polêmica, a prefeitura de Buenos Aires decidiu manter a medida, mas não aplicará multas a quem for pego pela primeira vez fora da sua casa. A reincidência, no entanto, poderia implicar horas de trabalho comunitário.

 

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