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Guerrilha

Colômbia: moradores temem sair de casa após toque de recolher do ELN

As autoridades estão em alerta a partir desta sexta-feira (14) na Colômbia, após a ameaça lançada pelo Exército de Libertação Nacional (ELN). A guerrilha, que conta com milhares de recrutas, prometeu impor uma “paralisação armada” no país até domingo (16). Muitos moradores estão confinados temendo um ataque.

Segundo informações oficiais, a guerrilha ELN conta com mais de 2.000 membros.
Segundo informações oficiais, a guerrilha ELN conta com mais de 2.000 membros. REUTERS/Federico Rios
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Informações de Marie-Ève Detoeuf e Natalia Ozozco, correspondentes da RFI na Colômbia

“O Exército de Libertação Nacional saúda o povo colombiano e informa que um toque de recolher de 72 horas foi decretado em todo o território nacional”, declarou um membro da guerrilha. Vestindo um traje militar, armado e mascarado, o homem lançou a ameaça no meio da floresta, em um vídeo divulgado nas redes sociais.

A segurança foi reforçada na capital, principalmente nos arredores das instituições públicas, como prédios administrativos, sedes da Polícia ou do Exército. Todos têm em mente o último atentado perpetrado por essa guerrilha, em janeiro de 2019. A ação deixou 22 policiais mortos em Bogotá.

"Todas as unidades do país estão em alerta máximo para atender qualquer pedido de proteção dos cidadãos", disse o ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo, durante a semana. Segundo ele, Bogotá não vai permitir "que esses criminosos chantageiem o governo com terrorismo e ataques à população civil e infraestruturas".

População prefere ficar em casa

“Eu conheço pessoas que estão morrendo de medo e fizeram até reserva de comida”, relata Maria Teresa, uma moradora da capital. “Mas acredito que a ação dos guerrilheiros terá um impacto muito local, principalmente nos vilarejos onde o ELN está presente. Bogotá é uma cidade de quase 10 milhões de habitantes, então é preciso mais que uma ameaça para atingi-la”, diz, otimista.

Temendo um ataque, desde a véspera do início do toque de recolher, parte da população de Catatumbo, região que faz fronteira com a Venezuela, parou de sair de casa. Moradores de pelo menos quatro cidades estão confinados. Principalmente após a explosão, na quinta-feira (13), de um carro-bomba perto de uma base militar em Arauca. O ataque não fez vítimas.

Nascido nos anos 1960 a partir de uma inspiração cubana, o ELN é a última guerrilha reconhecida pela Colômbia. Segundo dados oficiais, o grupo conta com cerca de 2.300 combatentes e está presente em 10% dos 1.100 municípios do território. Mas quase metade de seu efetivo (cerca de 1.100 rebeldes) se refugia na Venezuela, informou o general Luis Fernando Navarro, comandante das Forças Militares da Colômbia.

Acordo com as Farc, mas diálogo interrompido com ELN

O governo de Iván Duque interrompeu os diálogos de paz que o seu antecessor, o prêmio Nobel da Paz e ex-presidente Juan Manuel Santos (2010-2018), vinha tendo com o ELN. O atual chefe de Estado tomou essa decisão após o atentado contra os cadetes do centro de formação policial, no qual o responsável pelo ato também morreu.

Vivendo em conflito há mais de meio século, com oito milhões de vítimas, entre deslocados, mortos e desaparecidos, a Colômbia experimentou um alívio da violência com o acordo de paz com as FARC, em 2016. No entanto, os grupos armados persistem financiados pelo narcotráfico que impõe sua lei em áreas remotas.

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