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Linha Direta

Coronavírus avança lentamente na África, apesar de continente ser o mais vulnerável a epidemias

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Subiu para 11 o número de casos confirmados de coronavirus em seis países do continente africano, considerado o mais vulnerável do planeta em se tratando de epidemias. Apesar disso, os dados globais mais recentes mostram que a África, de modo geral, não está em uma posição alarmante no que diz respeito ao Covid-19, que vem assustando principalmente países asiáticos e europeus. 

Um enfermeiro argelino veste sua máscara de proteção em frente à Unidade Especial do Hospital El-Kettar, onde um caso de coronavírus foi anunciado, na capital Alger. 26 de fevereiro de 2020
Um enfermeiro argelino veste sua máscara de proteção em frente à Unidade Especial do Hospital El-Kettar, onde um caso de coronavírus foi anunciado, na capital Alger. 26 de fevereiro de 2020 RYAD KRAMDI/AFP
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correspondente da RFI em Joanesburgo

Especialistas tentam entender porque o continente tem divulgado tão poucos casos confirmados em comparação com a Europa, por exemplo. Para uns, pode ser sorte. Em todo caso, tem sido feito um apelo pela transparência em se tratando de informações oficiais. A União Africana e a Organização Mundial de Saúde, que atua em 47 dos 54 países africanos, têm reforçado o pedido para que os países se preparem e se garantam que estão aptos a identificar o vírus o quanto antes, além de enfatizarem que notificar imediatamente os casos confirmados é fundamental.

O país africano com o maior número de infectados é a Argélia, com cinco casos até agora. Um deles é um turista italiano. Há também dois tunisianos que tiveram contato com turistas franceses infectados.

No Egito há outros dois casos, sendo um deles um turista canadense, e o outro um italiano que vive na Nigéria, e que recentemente esteve em seu país de origem, voltando em seguida para a África. Ele está em observação em Lagos, a maior cidade nigeriana.

Os casos mais recentes confirmados de coronavirus na África foram em três países: no Marrocos, um marroquino que vive na França, mas viajou para o país natal; no Senegal, um francês que mora no país, mas que recentemente visitou a França; e na Tunísia, onde um turista italiano teve seu teste confirmado.

Após as confirmações, a diretora regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, disse que o vírus não é mais só uma ameaça ao continente, e sim uma realidade. “Estamos trabalhando com países da região para garantir que medidas sejam tomadas para conter a disseminação do vírus”, afirmou.

Visita de Mourão deve ser mantida 

O vice-presidente do Brasil, general Hamilton Mourão, deve desembarcar em Abuja, capital da Nigéria, no próximo dia 16, à noite. Ele passará os dois dias seguintes neste que é o país mais populoso do continente africano. Autoridades monitoram a situação e até agora não há informação sobre um possível cancelamento da viagem do vice-presidente brasileiro.

Relação estreita com a China

Em janeiro, a OMS começou a se movimentar, preocupada com a capacidade de cada país africano de identificar o vírus o quanto antes. A organização considerou 13 nações do continente como prioritárias, em se tratando do assunto, por conta da relação muito estreira da China com a Argélia, Angola, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Etiópia, Gana, Quênia, Mauricius, Nigéria, África do Sul, Tanzânia, Uganda e Zambia.

Quase todas as companhias aéreas chegaram a suspender voos entre países africanos e a China. Autoridades chinesas anunciaram a retomada de voos para o Quênia, suspensos por conta da epidemia do Covid-19, em que será restabelecido um voo por semana entre os dois países até o dia 25 de março.

Já Madagascar proibiu a entrada de turistas que tenham estado recentemente em três países: Irã, Itália e Coreia do Sul, locais com números preocupantes de casos confirmados do vírus.

A OMS mandou kits de diagnóstico para mais de 40 nações africanas. A ameaça invisível tem feito muita gente só sair de casa usando máscaras, em cidades onde a situação é mais preocupante, o que torna cada vez mais difícil encontrar o porduto. Essa escassez está deixando médicos, enfermeiros e outros funcionários que trabalham na linha de frente, em contato direto com os pacientes, perigosamente mal equipados para trabalhar.

Demanda por produtos de proteção

A OMS pediu a governos e fabricantes que aumentem a produção desses equipamentos de proteção individual em 40%, para atender a crescente demanda global. Onde os produtos são encontrados, estes já custam, no mínimo, o dobro do preço praticado antes da epidemia.

O dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, disse que a indústria e os governos devem agir rapidamente para aumentar a oferta, diminuir as restrições à exportação e implementar medidas para impedir a especulação e a acumulação. “Não podemos parar o Covid-19 sem proteger primeiro os profissionais da saúde”, destacou. Cidadão etíope, Ghebreyesus é o primeiro africano a chefiar a OMS.

Até o momento, a organização já enviou cerca de meio milhão de equipamentos de proteção individual para 47 países, mas os suprimentos estão acabando rapidamente. Quase metade desses países,  20 deles, está na África: Senegal, Argélia, Etiópia, Togo, Costa do Marfim, Maurícius, Nigéria, Uganda, Tanzânia, Angola, Gana, Quênia, Zambia, Guiné Equatorial, Gambia, Madagascar, Mauritânia, Moçambique, Seicheles e Zimbábue.

Em diversos países do continente africano ministros da Saúde têm se pronunciado e tentado acalmar a população. Os discursos têm sido parecidos, em que garantem que estão preparados e dizem que não há motivo para pânico.

Resgate de estudantes

A expectativa é que nos próximos dias cerca de 150 sul-africanos que ainda estão na cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto de coronavírus, sejam repatriados. O ministério da Defesa prepara uma operação para buscá-los. A data ainda não foi divulgada, assim como o local onde eles ficarão de quarentena. O planejamento da operação também envolve os ministérios da Saúde e de Relações Internacionais. “Entre eles estão estudantes que concluíram estudos e outros cujos estudos tiveram que ser interrompidos”, disse o ministro da Saúde sul-africano, Zweli Mkhize. O trabalho de evacuação vai ser feito com o apoio de autoridades chinesas.

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