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Brasil-Mundo

Instituto Camões aposta em parceria com Brasil para promoção da língua portuguesa

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O embaixador Luís Faro Ramos, presidente do Conselho Diretivo do Instituto Camões, fala sobre os acordos de cooperação entre o Brasil e Portugal para a promoção da língua portuguesa no mundo.

O embaixador e membro do Instituto Camões, Luís Faro Ramos
O embaixador e membro do Instituto Camões, Luís Faro Ramos (Foto: Divulgação)
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Adriana Niemeyer, correspondente da RFI Brasil em Lisboa

O ano de 2019 será um ano importante para a promoção da Língua Portuguesa no mundo. Vários acordos de cooperação entre Portugal e Brasil estão dando bons resultados e ótimas perspectivas para o futuro próximo. Para falar desta cooperação o embaixador Luís Faro Ramos, presidente do conselho diretivo do Camões (Instituto para Cooperação e da Língua) recebeu a RFI na sede da instituição, em Lisboa.

RFI - Para o ano 2019 o que pode se esperar na questão da língua e na cultura com o Brasil?

Luís Faro Ramos - O Instituto Camões tem como uma de suas linhas prioritárias a promoção da língua e cultura portuguesas e busca obter sinergias com os outros países que falam o idioma. Nesse contexto, o Brasil assume um lugar importantíssimo, tanto pela dimensão que tem, como em números de falantes do português, mas também pela ação da cultura que o Brasil tem espalhado pelo mundo, principalmente na América do Sul e nos países latino-americanos. Mas, também, em outras latitudes do mundo. Posso citar três ou quatro projetos concretos de cooperação que estão sendo desenvolvidos pelos dois países, com destaque para a cooperação para o ensino do português na escola das Nações Unidas em Nova Iork, que foi assinado no gabinete do secretário geral da Organização. Um protocolo entre as Missões Permanentes de Portugal e Brasil para ensinar a nossa língua para mais de mil alunos de várias partes do mundo. Estamos também trabalhando com o Brasil para ensinar o português no Cazaquistão. O que significa que a nossa estratégia de promoção da língua está se alastrando. Já não é mais só a Europa, América Latina ou Ásia, mas também a Ásia Central.

RFI - Pode citar outros exemplos?

LFR - Um outro exemplo muito importante é colaboração do Instituto Camões na reconstrução do Museu da Língua Portuguesa em São Paulo. Assinamos um protocolo com a Fundação Roberto Marinho para ajudar a reabilitação do museu. Também será utilizado o arquivo da Rádio Televisão Portuguesa (RTP) para completar o acervo do museu que deve ser inaugurado no fim do ano. Destaco também a entrada do nosso Instituto na estrutura acionista da Associação Luís de Camões, que é composta pelo Real Gabinete de Leitura, o Liceu Literário Português e o Instituto D.Pedro V, que estão relacionados com os portugueses que vivem no Brasil e que através destas instituições promovem suas ações na área social e cultural. Neste ano vamos desenvolver um programa de ação muito rico que vai ter como foco a promoção das relações culturais e de língua entre Portugal e o Brasil. E eu penso que independentemente das autoridades que governam um e outro país existe uma vontade de colaborar. Essa vontade vai se traduzir em ações ao longo do ano.

O Instituto Camões pretende que o português seja ensinado como segunda língua nas escolas de 30 a 40 países. Como vai ser esse trabalho?

Já estamos trabalhando e já temos o português ensinado no nível secundário de 23 países. Tivemos a Turquia este ano, Venezuela, Argélia e esperamos ter também o português como matéria curricular e para isso contamos muito com a colaboração do Brasil. A meta dos 40 países é uma meta ambiciosa, mas realista. As manifestações de interesse que temos recebido são encorajadoras. Penso que o espaço da ibero-americana é fundamental para que o português seja ensinado nos países de língua espanhola e se Portugal e Brasil trabalharem juntos os resultados aparecerão mais depressa.

Outros focos de interesse são Ásia e África?

Além da Ásia Central, obviamente não podemos esquecer o coração da Ásia, de um país como a China, onde o ensino do português está crescendo de uma maneira impressionante. Temos um pólo importante em Macau que é o Instituto Português do Oriente que é um pólo irradiador em todo o continente. Na África temos cooperação muito forte de língua portuguesa na área de educação e formação de professores. Também temos uma ação robusta na África Ocidental da Costa do Marfim ao Senegal, Namíbia, Tunísia e Argélia. Portanto está basicamente cobrindo todas as regiões do nosso planeta

Quais serão os desafios da chamada “cooperação triangular” para 2019?

A cooperação triangular portuguesa é uma área relativamente nova, mas explora uma vertente muito virtuosa e com muito potencial, que é a de unir dois países num projeto para ajudar um terceiro beneficiário, que geralmente é africano ou da América do Sul. E um caso concreto que posso exemplificar é a cooperação de Portugal com o Brasil através da agência ABC sobre um projeto que está sendo realizado em Moçambique, na Gorongoza, de plantação de café. Temos acordos de cooperação triangular assinados também com a Argentina, Uruguai e outros. Aliá, Portugal é reconhecido pelas organizações internacionais, como a OCDE, como um país exemplar em termos de promoção de cooperação triangular. Essa modalidade terá tendência para se desenvolver no futuro.

Voltando à questão da língua. O que poderia ser feito no futuro para a expansão da mesma e em que outros países da CPLP poderiam ajudar?

É uma questão muito pertinente. Penso que a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) vai entrar num circulo virtuoso, com a entrada do novo secretário-geral na Comunidade, que é um português. Em breve começaremos um trabalho conjunto porque Portugal não vai a nenhum lugar sozinho, assim como o Brasil. Juntos iremos mais longe. O Instituto Internacional da Língua Portuguesa deverá ter uma dinâmica que corresponda com aquilo que seja um objetivo político claro da CPLP, que é a promoção do português no mundo. As condições estão criadas para isso e em breve começaremos a ver o fruto do nosso trabalho

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