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Linha Direta

Com menos policiais nas ruas, Reino Unido enfrenta “epidemia” de crimes com facas

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Chama a atenção no noticiário policial do Reino Unido o número de crimes com facas. As autoridades revelam um novo recorde para o que a mídia local tem tratado como uma espécie de epidemia: foram 44.076 casos envolvendo facas ou objetos pontiagudos em 12 meses até junho deste ano.

Quase metade dos registros se refere a esfaqueamentos. Outros 43%, assaltos. Há ainda estupros e ataques sexuais. (24/10/2019)
Quase metade dos registros se refere a esfaqueamentos. Outros 43%, assaltos. Há ainda estupros e ataques sexuais. (24/10/2019) REUTERS/Lucas Jackson
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

Trata-se de um aumento de 7% em comparação com ano anterior e o maior número desde que as autoridades começaram a contabilizar os ataques a faca separadamente em 2010, segundo dados do Escritório de Estatísticas Nacionais revelados esta semana para a Inglaterra e o País de Gales.

Quase metade dos registros se refere a esfaqueamentos. Outros 43%, assaltos. Há ainda estupros e ataques sexuais.

Os ataques com faca têm sido uma espécie de calcanhar de Aquiles das autoridades britânicas, sobretudo em Londres e arredores, onde os números indicam uma situação ainda mais grave. Difícil saber onde vão acontecer e como combate-los. Os casos acontecem em plena luz ou dia, ou não, em locais movimentados, ou não. As autoridades policiais se queixam de um orçamento menor, que fez minguar o número de homens nas ruas em 20 mil oficiais na última década.

Ao todo, foram registrados 235 assassinatos por esfaqueamento e 412 tentativas de homicídio. O número de assassinatos no país é de 681. O curioso é que as estatísticas britânicas para homicídios como um todo mostram uma queda de 5%. Foi uma redução, nesse período de 12 meses terminados em junho, de 719 para 681 casos.

Esfaqueadores são jovens

No Reino Unido, os ataques com facas têm crescido nos últimos cinco anos. Passaram de uma proporção de 557 casos por milhão de habitantes entre 2010 e 2011 para 783 casos por milhão de habitantes até junho deste ano. Os criminosos são sobretudo pessoas entre 20 e 30 anos. Mas o universo de jovens com menos de 20 anos corresponde a 20% do total. Londres tem registrado muitos casos. Especialistas falam em falta de perspectivas entre esses jovens.

O Reino Unido tem discutido inúmeras maneiras de combater os crimes com arma branca, mas a verdade é que não é fácil. As autoridades querem saber como fazer para reduzir o acesso dos jovens a facas. Mas como fazer isso?

Atualmente, para comprá-las, mesmo pela internet, é preciso que o consumidor prove que tem mais de 18 anos. O NHS, o sistema de saúde público britânico, está pensando em enviar médicos às salas de aula pelo país para tentar reduzir as estatísticas desses crimes, que envolvem milhares de internações nos hospitais do país.

Mais policiais

Já a polícia continua querendo mais recursos. Em abril do passado, o governo anunciou sua primeira estratégia contra violência grave. Criou até a pena de prisão automática para quem fosse pego carregando uma faca pela segunda vez. O primeiro-ministro Boris Johnson anunciou recentemente em seu programa de governo que pretende contratar mais gente.

Apesar dos dados preocupantes, o Reino Unido é muito seguro. Inglaterra e País de Gales, considerados pelas pesquisas oficiais, têm uma população de cerca de 59 milhões de pessoas. As estatísticas são se comparam às do Brasil – que, com uma população de 209 milhões de habitantes, registrou 51.589 casos de homicídios no ano passado. O dado ainda comemorado por representar uma queda em comparação a 2017.

Talvez por ser tão seguro, os crimes no território britânico chamem mais atenção. Os casos vão parar na capa dos jornais, têm destaque na televisão. Os jornais britânicos na internet têm seções dedicadas aos crimes com facas.

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