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Conflitos na Síria promovem debate sobre uma defesa europeia autônoma

A comunidade internacional quer saber se a Turquia está cometendo crimes de guerra em sua ofensiva na Síria. Enquanto vídeos de milícias ligadas a Ancara mostrando a execução de civis curdos circularam nas redes sociais, a ONU questiona a responsabilidade da Turquia e pede uma investigação. Representantes europeus discutem uma postura comum do bloco.

Soldado turco sobre um blindado na fronteira da Turquia com a Síria. Em 15 de outubro de 2019.
Soldado turco sobre um blindado na fronteira da Turquia com a Síria. Em 15 de outubro de 2019. REUTERS/Murad Sezer
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Com informações do correspondente da RFI em Genebra, Jérémie Lanche

Na quinta-feira (17), os países europeus pretendem mostrar sua unidade contra a ofensiva da Turquia sobre os curdos no norte da Síria. Para a França, o conflito justifica esforços para criar uma defesa europeia autônoma. Segundo o chefe da diplomacia, Jean-Yves Le Drian, existe “a necessidade imperativa" de a Europa obter sua "autonomia" e "soberania", sob o risco de, caso contrário, "sair da história".

O chefe da diplomacia francesa anunciou nesta terça-feira (15) que em breve se reuniria com líderes iraquianos e curdos para discutir a situação de combatentes do grupo Estado Islâmico, como resultado da ofensiva turca no nordeste da Síria e a retirada de tropas americanas.

"Estamos muito preocupados com a segurança e a estabilidade de diferentes campos ou prisões onde agora estão confinados combatentes jihadistas ", disse Le Drian. "Estamos extremamente vigilantes e, a pedido do Presidente da República, conversarei com todos os atores”, completou.

Segundo fontes diplomáticas, o Conselho de Segurança da ONU deverá se reunir publicamente na quarta-feira (16) para discutir os últimos acontecimentos na Síria. Esta será a segunda reunião extraordinária desde o início da ofensiva turca no nordeste do país e foi solicitada pelo Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica e Polônia, membros europeus do Conselho.

O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, viajará para a Turquia nas próximas 24 horas.

ONU suspeita de execuções

Vídeos mostram homens armados capturando e executando três curdos em uma estrada entre Hassakeh e Manbij, no nordeste da Síria. As milícias parecem pertencer ao grupo rebelde Ahrar al Sharqiya, apoiado pela Turquia e já suspeito de violações de direitos humanos.

"Civis, assim como combatentes que foram desarmados e capturados, devem ser protegidos”, diz Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. “A Turquia pode ser responsabilizada pelos abusos cometidos pelos grupos armados a ela vinculados. Conclamamos a Turquia a iniciar imediatamente uma investigação independente e imparcial e a prender os autores desses crimes. Alguns podem ser facilmente identificados porque compartilharam o vídeo nas redes sociais”, completa.

A milícia de Ahrar al Sharqiya também pode ter sido responsável pela execução de um político curdo na mesma estrada. Em outros lugares da região, quatro civis, incluindo dois jornalistas, morreram em um ataque aéreo turco no sábado (11).

 

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