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Síria/Turquia

Ofensiva turca contra curdos na Síria pode gerar ressurgimento do grupo Estado Islâmico

Um dia depois do início da operação militar turca no nordeste da Síria, que tem como alvos combatentes curdos aliados dos ocidentais, o país é acusado de ter atacado, nesta quarta-feira (9), uma prisão onde estão detidos vários jihadistas membros do grupo Estado Islâmico.

A Turquia iniciou nesta quarta-feira (9) uma operação militar no nordeste da Síria.
A Turquia iniciou nesta quarta-feira (9) uma operação militar no nordeste da Síria. REUTERS/Stringer NO RESALES. NO ARCHIVES TUROUT
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Os curdos alertam a comunidade internacional contra uma “catástrofe”, que possibilitaria o “ressurgimento” do grupo EI, dizendo que o ataque à prisão foi uma “tentativa evidente” de ajudá-los a fugir. Em um comunicado, as autoridades curdas da Síria afirmam que o bombardeio teve como alvo um setor da prisão de Chirkin, na cidade de Kamichli, onde estão detidos jihadistas de mais de 60 nacionalidades diferentes. “Os ataques a prisões que abrigam terroristas do grupo Estado Islâmico conduzirão a uma catástrofe e o mundo não conseguirá administrar as consequências no futuro”, diz o texto do comunicado.

A Turquia considera os combatentes curdos das Unidades de Proteção Popular (YPG) como “terroristas”. O governo turco condena os vínculos dos YPG com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que está realizando uma guerra de guerrilha contra a Turquia. Já a comunidade internacional condenou a operação militar turca, que gera incertezas com relação à sorte de jihadistas presos controlados pelas YPG, aliados das forças ocidentais na luta contra o grupo EI. Regiões próximas à Turquia, especialmente os setores de Tal Abyad e Ras al Ain, foram bombardeadas pela aviação e artilharia turca.

A ofensiva é a terceira que a Turquia realiza na Síria desde 2016. Ela abre uma nova frente neste conflito que já deixou mais de 370.000 mortos e milhões de deslocados desde 2011. A operação deve permitir a criação de uma "zona de segurança" destinada a separar a fronteira da Turquia das posições curdas e a acolher refugiados, segundo o governo turco.

Conselho de Segurança da ONU se reúne nesta quinta-feira

Ao menos 16 integrantes das FDS (Forças Democráticas da Síria) morreram nas primeiras horas da ofensiva, informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), que acrescentou que "milhares de deslocados" fugiram das áreas bombardeadas. A ofensiva provocou uma avalanche de críticas internacionais. O Conselho de Segurança da ONU se reunirá na quinta-feira (10) em caráter de urgência.

A Liga Árabe também anunciou na noite desta quarta uma reunião de emergência para o sábado, 12 de outubro, a ser realizada no Cairo, para abordar a situação.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considerou que a operação era uma "má ideia" e disse esperar que o presidente Recep Tayyip Erdogan, atue de forma "racional" e o "mais humana possível".

A retirada das tropas americanas das regiões fronteiriças na Síria no começo da semana abriu o caminho para a ofensiva contra as milícias das YPG. Dois senadores norte-americanos, o republicano Lindsey Graham e seu colega democrata Chris Van Hollen, anunciaram a iniciativa de aplicar duras sanções à Turquia, caso o país não retire seu exército da Síria.

Este projeto imporia ao governo Trump congelar bens nos Estados Unidos dos principais dirigentes turcos, incluindo o presidente Erdogan, imporia sanções a qualquer entidade estrangeira que venda armas a Ancara e visaria também o setor energético turco. O senador Graham, um peso-pesado dos republicanos e ligado a Trump, acusou o presidente de ter "abandonado vergonhosamente os curdos" e disse ser favorável a que "Erdogan pague muito caro".

França condena ofensiva

A França condenou ,com veemência os ataques. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, exigiu que Ancara abandonasse a ofensiva e a Alemanha afirmou que a operação poderá "causar o ressurgimento" do EI. Já o Reino Unido expressou sua "grave preocupação". Antes do início da ofensiva, o presidente russo Vladimir Putin pediu ao seu colega turco que “avaliasse a questão.”

O Egito julgou o "ataque inaceitável" e Riad condenou essa "agressão" da Turquia na Síria. O Irã também pediu nesta quinta-feira (10) que a Turquia interrompa os ataques.Em Damasco, o governo sírio anunciou quarta-feira que frustrará qualquer ataque turco ao seu território "por todos os meios legítimos" e também denunciou o reforço militar na fronteira.

 

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