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Iraque: protestos contra a corrupção deixam quase 100 mortos em cinco dias

Milhares de iraquianos saíram às ruas do país neste sábado (5) para exigir a saída do governo acusado de corrupção. No quinto dia do movimento marcado pela violência e a repressão, o número de vítimas de aproxima de 100 mortos.

Manifestantes saem às ruas de Bagdá, em 4 de outubro de 2019.
Manifestantes saem às ruas de Bagdá, em 4 de outubro de 2019. REUTERS/Alaa al-Marjani
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Em Bagdá, os manifestantes tomaram a Praça Tahrir, no centro da capital. A polícia voltou a reprimir a mobilização a tiros na capital. Milhares de pessoas se manifestaram também em Diwaniyah e Nasiriyah, no sul. No total, 93 pessoas morreram desde o início da revolta, na terça-feira (1°), e 4 mil ficaram feridas.

Nascido nas redes sociais, o movimento protesta contra a corrupção, o desemprego e a decadência dos serviços públicos em um país que ainda sofre as consequências de quatro décadas de conflito, como a escassez de eletricidade e água potável.

As manifestações são vistas como o primeiro teste para o governo de Adel Abdel Mahdi, em vigor há apenas um ano. Lideranças como Moqtada Sadr, "peso pesado" da política iraquiana e cuja coalizão participa do governo, pediu ao governo de Adel Abdel Mahdi que renuncie "para evitar mais derramamento de sangue".

Promessas de reformas

Neste sábado, o presidente do Parlamento iraquiano, Mohamed Al-Halbusi, indicou que uma reunião será realizada no domingo para discutir a crise. Ele prometeu implementar as reformas reivindicadas em troca do fim dos protestos. 

"Se eu não vir o governo responder às aspirações das pessoas e lhes dar esperança, serei o primeiro a sair às ruas para protestar. Por isso, peço a todos que colaborem para que os confrontos entre manifestantes e forças de ordem acabem. Peço a responsabilidade dos militantes, sabendo que a maior responsabilidade deve ser da polícia para proteger os cidadãos", declarou.

Já a ONU fez um apelo em prol do fim das violências. "Cinco dias de mortos e feridos. É preciso que isso tenha um fim. Aqueles que são responsáveis pelas violências devem prestar contas", afirmou a chefe da missão das Nações Unidas no Iraque, Jeanine Hennis-Plasschaert, em sua conta no Twitter. 

"Ninguém nos representa"

O movimento é apresentado pelos manifestantes como "não partidário", em oposição a mobilizações anteriores em apoio a legendas, tribais ou relacionadas à religião. "Ninguém nos representa. Não aceitamos ninguém que fale em nosso nome ", afirmou um manifestante em Bagdá.

O fenômeno é um desafio para as autoridades, que jamais haviam enfrentado algo parecido. "Essas são manifestações antissistema", explica. "É a primeira vez que vemos pessoas reivindicando a queda do regime", afirma Fanar Haddad, especialista em Iraque do Instituto do Oriente Médio, em Singapura.

"O que agora pode satisfazer as pessoas são grandes mudanças e decisões radicais, como a demissão de grandes nomes da política acusados de corrupção", diz, Sarmad al-Bayati, especialista em questões de segurança do Iraque.

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