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Brasil-Mundo

Famílias brasileiras contam como filhos se adaptam a escolas portuguesas

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Famílias brasileiras contam como os filhos se adaptam à rotina das escolas portuguesas e superam barreiras que incluem diferenças linguísticas e culinárias.

Bernardo (primeiro à esquerda), o irmão Murilo e os pais Karina e Paulo
Bernardo (primeiro à esquerda), o irmão Murilo e os pais Karina e Paulo Arquivo Pessoal Paulo
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Fábia Belém, correspondente da RFI em Lisboa

Muitas famílias que estão trocando o Brasil por Portugal chegam preocupadas com o impacto da mudança na vida dos filhos que estão em idade escolar. O jornalista pernambucano César Rocha mora em Lisboa há dez meses. Os três filhos chegaram com a mãe, em janeiro, depois de terem concluído o ano letivo no Brasil. “A nossa preocupação, em primeiro lugar, era com a língua. Apesar de falarmos todos Português, há uma diferença grande de acento, de sotaque, e uma diferença também na escrita”, explica Rocha.

O pai de Davi, de 15 anos, Rafael, de 9, e Tom, de 6 anos, lembra que também pensava nas “dificuldades naturais” que o trio poderia enfrentar, como fazer novas amizades, se adaptar ao período integral das escolas e até à comida. E é exatamente a resistência do filho mais novo aos pratos portugueses, o único obstáculo de adaptação a ser superado. “Tem comida que eu não gosto”, conta Tom, que não come o que é servido na escola.

No começo, a estratégia diária dos pais era levar o almoço do filho. Nas férias, tentaram encorajá-lo a se habituar aos sabores da comida portuguesa. Agora, com o início do ano letivo, a família vai esperar para ver como o pequeno vai reagir.

Barreiras linguísticas

A gaúcha Bianca Nunes tem 12 anos. Chegou em outubro do ano passado e mora com a família em Braga, cidade do norte de Portugal. No começo, enfrentou barreiras linguísticas. Como os sons de algumas palavras são diferentes, às vezes ela não conseguia perceber frases inteiras. Este foi um dos desafios que Bianca teve de superar. “E também pelas diferenças de algumas palavras. Eu escrevia, pensava assim: ‘Não, Bianca, não é assim, tem de fazer certo’. Aí mudava, apagava, botava o certo. A gente vai se adaptando”, conta aos risos.

Receios

Em setembro do ano passado, a família de Bernardo Sipolatti Bonino, que tem 15 anos, trocou Vitória, no Espírito Santo, pela zona norte de Lisboa. Ele relata que teve receios antes do primeiro dia de aula. Como aluno estrangeiro, pensava como seria acolhido na nova escola. “Será que as pessoas vão me receber bem? Como será que vai ser?”, recorda o estudante. Bernardo, que tem desempenho escolar acima da média e já construiu novas amizades, só tem boas lembranças da forma como foi acolhido.“As pessoas me receberam muito bem, me incluíram no grupo da sala muito rápido. Isso foi assim muito importante para eu conseguir me desenvolver aqui”.

Inclusão escolar e social

Na opinião da doutora em Psicologia da Educação pela Universidade de Coimbra (UC), Ana Cristina Almeida, a inclusão de estudantes brasileiros ou de outras nacionalidades requer sempre os mesmos cuidados por parte das escolas. “É necessária uma grande abertura à diferença e um trabalho de recepção, de acolhimento”, sublinha Ana Cristina, que também é professora-auxiliar da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UC.

Para os pais que estão vindo para Portugal, ela sugere que encarem a mudança “com muita tranquilidade, com muita serenidade, deixando espaço para que os filhos façam também as suas questões”. O que também pode ajudar, segundo Almeida, é ouvir as experiências de famílias que chegaram recentemente. Por fim, ela recomenda que os pais aproveitem a capacidade comunicativa do brasileiro, que para ela é extraordinária, “para apresentar as suas dúvidas, darem as suas opiniões, fazerem os seus pedidos” na escola e que não tenham medo.

César Rocha acompanhado dos filhos Tom (centro) e Rafael
César Rocha acompanhado dos filhos Tom (centro) e Rafael Fábia Belém

 

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