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Linha Direta

Manifestante é ferido a tiros em Hong Kong em protesto contra festa da China comunista

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A maior parada militar já realizada em Pequim marcou os 70 anos da fundação da República Popular da China, nesta terça-feira (1). Em um discurso histórico, o presidente chinês, Xi Jinping, reforçou o projeto de unidade do país e as conquistas econômicas das últimas décadas. Mas a festa na China continental é perturbada pela persistência dos protestos em Hong Kong, onde um manifestante foi ferido a tiros pela polícia.

Desfile militar marca o 70º aniversário da fundação da República Popular da China, na praça Yichang, província de Hubei, China.
Desfile militar marca o 70º aniversário da fundação da República Popular da China, na praça Yichang, província de Hubei, China. REUTERS/Stringer
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Luiza Duarte, correspondente da RFI em Hong Kong

Em seu pronunciamento, Xi Jinping reiterou a necessidade de “lutar pelo sonho chinês” e por uma nação unida e estável. O presidente repetiu uma frase do ex-líder chinês Hu Jintao, dita durante a celebração de 60 anos da república, há dez anos, sobre a necessidade de uma “unificação pacífica” do país.

Durante mais de uma hora de parada militar, que reuniu 15 mil soldados, as autoridades homenagearam membros históricos do Partido Comunista Chinês (PCC), como Mao Tse Tung, fundador da República Popular, e Deng Xiaoping, responsável pela transição à economia de mercado.

A apresentação coreografada e colorida mostrou para o mundo o poderio do exército e da aeronáutica chineses. Grande parte dos equipamentos foram mostrados ao público pela primeira vez. Tanques e aviões foram seguidos de um desfile civil com mais de 100 mil pessoas na capital chinesa.

O governo central pretende fazer da festa nacional uma vitrine das sete décadas de domínio do PCC e focar no desenvolvimento econômico que transformou a China na segunda maior economia do mundo. As autoridades tomaram uma série de precauções para que a festa ocorra de acordo com o planejado. Medidas de segurança foram reforçadas na capital e uma operação de limpeza de conteúdo político crítico ao governo nas redes sociais foi desencadeada há semanas. Os preparativos, ensaios e proibições nas imediações da Praça da Paz Celestial começaram com meses de antecedência, para garantir que nada saia do roteiro nessa importante data.

Protestos em Hong Kong

A chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, participa das celebrações em Pequim ao lado de outras lideranças chinesas, enquanto a cidade se prepara para mais um dia de tumulto, já que diversos protestos foram convocados para a data. Um forte esquema de segurança está em vigor na cidade. Cerca de 6 mil policiais foram mobilizados, mais de uma dezena de estações de metrô estão fechadas, assim como diversos shoppings.

Símbolos da China na cidade têm cada vez mais se tornado alvo dos protestos. No domingo (29), manifestantes retiraram uma grande faixa comemorativa dos 70 anos da república chinesa que decorava uma fachada.

Para muitos manifestantes, esse é o momento para aumentar a potência dos protestos e com isso criar constrangimento internacional para o governo chinês e pressionar para que as demandas da sociedade civil sejam atendidas.

Em entrevista à RFI, o estudante Jason, 20 anos, disse que boicotar a festa nacional poderá dar mais visibilidade ao movimento pró-democrático.

"Agora que a China vai estar na mira dos holofotes internacionais, agora que a China mostrou de uma maneira muito forte que está muito unida em sua festa nacional, o fato de mostrarmos que eles estão sendo hipócritas, e que estão atacando nossas liberdades, é um bom momento. O mundo estará olhando para a China. Todos estão esperando para ver como a China vai lidar com a situação. Eles seguem violentando [o modelo] dos dois sistemas e nós vamos continuar violando [a ideia] de um país. Hong Kong como um todo, mesmo os que apoiam o governo, geralmente não apoiam a China. Mesmo os que apoiam a polícia não se sentem muito chineses e isso é culpa da China. A China não tem sido um país receptivo", afirmou.

Os fogos de artifício no Porto Vitória, que marcam a festa nacional chinesa em Hong Kong em 1º de outubro, foram cancelados por "motivos de segurança". O evento atrai todos os anos cerca de 300 mil pessoas. Desde 1997, é a terceira vez que a festividade é cancelada. A cerimônia oficial foi transferida para um local fechado para evitar os protestos antigoverno que não cessam desde junho. Convidados vão assistir em um telão o hasteamento da bandeira da China.

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