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china/imprensa

Governo chinês exige “lealdade” de jornalistas ao regime para emitir credenciais de imprensa

A partir de outubro, 10.000 repórteres e editores serão submetidos a um "teste piloto" antes da realização dos exames nacionais de jornalismo, e as carteiras de imprensa serão emitidas apenas para aqueles que obtiverem sucesso no teste de lealdade ao governo chinês. Saber de cor as citações do presidente Xi Jinping é um dos critérios.

Jornalistas chineses deverão passar por um teste de "lealdade" ao governo de Xi Jiping para terem acesso a credenciais de imprensa.
Jornalistas chineses deverão passar por um teste de "lealdade" ao governo de Xi Jiping para terem acesso a credenciais de imprensa. AFP Photos/Greg Baker
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Stéphane Lagarde, correspondente da RFI em Pequim

Como já é o caso na maioria das grandes empresas estatais, os jornalistas oficiais das mídias oficiais não são exceção: é preciso conhecer as citações do presidente chinês para avançar em sua carreira. De acordo com o jornal South China Morning Post, os “testes de lealdade” no aplicativo móvel Xuexi Qiangguo, uma espécie de "livrinho vermelho" digital dedicado ao pensamento de Xi Jinping, devem ser aplicados inicialmente em 14 organizações de notícias on-line e cerca de 10.000 jornalistas em Pequim.

Isso antes mesmo da realização anual de exames para toda a profissão. Os testes devem ser preparados novamente por meio do famoso aplicativo lançado pelo Departamento de Propaganda da China, em janeiro passado. Das cinco áreas do “teste em socialismo com características chinesas” reservadas para a mídia, pelo menos duas serão dedicadas ao pensamento político do chefe de Estado, e uma ao marxismo.

Esses testes já foram realizados coletivamente, mas nunca através de plataformas digitais, segundo um jornalista que trabalhava para a Televisão Central da China. No gigante asiático, a tecnologia digital reforça o controle ideológico. "Uma das minhas colegas conseguiu cerca de 50 pontos no teste do aplicativo, e outra 3.000 pontos nesse mesmo exame", relata o profissional.

Promoção ideológica através do aplicativo

O domínio da política do pensamento único é uma vantagem para o progresso pessoal na hierarquia de trabalho, ainda que até agora não tenha prejudicado aqueles que tiveram menos tempo para se dedicar ao aplicativo. A novidade na China é o vínculo da obtenção da carteira de imprensa ao sucesso do exame, conforme indicado por uma nota emitida pelo Departamento de Controle de Mídia do Partido Comunista Chinês no mês passado.

Trata-se de um estresse extra para os jornalistas se a decisão for realmente implementada, pois isso seria adicionado ao sistema de crédito social destinado a enquadrar o comportamento e o pensamento dos indivíduos. Aqueles que falharem, no entanto, terão uma segunda chance, e poderão refazer o exame com as mesmas autoridades.

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