ONU alerta que 600 mil rohingyas podem ser vítimas de um genocídio em Mianmar
Cerca de 600 mil rohingyas refugiados em Mianmar correm o risco de um “genocídio”. O alerta foi lançado por uma comissão de investigações das Nações Unidas, que chama a atenção para a situação da minoria muçulmana, perseguida pelas Forças Armadas do país.
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Jérémie Lanche, correspondente da RFI em Genebra
Essa não é a primeira vez que o termo “genocídio” é usado pela ONU para falar sobre a situação na antiga Birmânia. Mas desta vez, as Nações Unidas deram detalhes sobre as violações dos direitos humanos visando os rohingyas. Segundo a comissão, os civis não podem se locomover livremente e muitos não têm o que comer. A minoria muçulmana não tem acesso à ajuda humanitária e os casos de tortura e estupros cometidos por membros das Forças Armadas se multiplicam.
A ONU já estabeleceu uma lista de cerca de 100 pessoas que poderiam estar envolvidas em crimes de genocídio e contra a humanidade em Mianmar, país de maioria budista. Se as denúncias se confirmarem, eles poderão ser julgados diante da Justiça internacional.
Em seu relatório, a comissão lembra que o país ratificou a Convenção para a prevenção e a repressão do crime de genocídio em 1948 e pede que o Conselho de Segurança da ONU leve o caso para a Corte Penal Internacional ou crie um tribunal específico, como foi feito com Ruanda ou a ex-Iugoslávia.
China veta uma ação efetiva da ONU
O governo de Mianmar recusa qualquer tipo de intervenção externa e rejeita as acusações, apesar das inúmeras denúncias. A ONU não consegue pressionar o país, já que os birmaneses contam com o apoio da China, membro do Conselho de Segurança. Pequim dispõe de um direito de veto a qualquer tipo de sanção.
Vítimas de operações de repressão lançadas por militares birmaneses, cerca de 1 milhão de rohingyas já fugiram de Mianmar para Bangladesh, onde vivem em acampamentos. “A ameaça de genocídio continua para os rohingyas que permanecem em Mianmar”, insiste o presidente da comissão da ONU, Marzuki Darusman.
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