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Hong Kong: Impacto internacional limita riscos de novo massacre pela China, diz professor

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Há mais de 10 semanas, Hong Kong se levanta contra o governo central chinês. Os protestos ganharam novos rumos nesta semana, após o bloqueio do aeroporto internacional da cidade e o posicionamento de tropas chinesas na fronteira com Hong Kong. Mas, na opinião do cientista político Alexandre Ratsuo Uehara, especialista em Ásia da USP e da ESPM de São Paulo, o risco de uma onda repressiva e violenta das manifestações por Pequim é baixo: a China não tem interesse nem político, nem econômico em acirrar as tensões.

Cientista político Alexandre Ratsuo Uehara é especialista em Ásia na USP e na ESPM de São Paulo.
Cientista político Alexandre Ratsuo Uehara é especialista em Ásia na USP e na ESPM de São Paulo. Divulgação/ ESPM
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Em um raro comentário sobre o massacre da Praça da Paz Celestial de 1989, um tema que até hoje é tabu em Pequim, um jornal chinês indica nesta sexta-feira (16) que “o governo não decidiu intervir pela força para acabar com os distúrbios em Hong Kong, mas essa opção, evidentemente, está disponível". Nomes como o artista dissidente chinês Ai Weiwei avaliam que o regime comunista “não conhece outra forma” de lidar com protestos, e um novo massacre não pode ser descartado.

“Hoje, a China almeja ampliar a sua área de influência internacional, e tem ocupado alguns espaços em fóruns multilaterais. É contra o interesse do governo de Pequim promover alguma situação que venha a complicar a sua imagem e seu status internacional”, observa o professor Uehara, em entrevista ao RFI Convida.

Reação em cadeia na região

Os protestos começaram contra o projeto de lei que ameaça de deportação cidadãos de Hong Kong para Pequim. Mas com o passar das semanas, as demandas foram crescendo e incluem a autonomia completa de Pequim. “Hong Kong é um centro financeiro importante e uma das portas da China para o mundo, de modo que qualquer ação mais violenta poderia causar um desgaste muito grande para o governo de Pequim”, assinala Uehara.

Não há dúvidas de que os protestos colocam o regime em uma situação complicada: outras províncias chinesas, como o Tibete, também reivindicam independência e qualquer sinal de fraqueza de Pequim poderia ser interpretado como uma porta aberta para mais rebeliões. É por isso que, até agora, em Hong Kong, as duas partes ainda não dialogaram.

Pequenas concessões ou mediação da ONU

“As negociações terão de ser de pequenas concessões de ambas as partes. O abandono do projeto de extradição poderia ser um sinal importante, que demonstraria boas intenções para que a população de Hong Kong percebesse que há, sim, uma disposição de Pequim de negociar”, destaca o professor paulistano.

Ele vê a ONU como uma mediadora possível para a saída do impasse. “Acho que um mediador, nesse tipo de tensão, seria interessante para a China, que não tem interesse em ter um conflito ali, para não acirrar os ânimos. As tensões que existem por conta da guerra comercial com os Estados Unidos já bastam”, assinala o especialista, lembrando que, em caso de repressão violenta, “a comunidade internacional se sentiria na necessidade de fazer alguma coisa”.

Para ouvir a entrevista completa, clique na foto acima

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