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Rússia

Explosão nuclear na Rússia terá consequências militares, diz pesquisador

Quatro dias após a explosão nuclear na base de Nionoska, que provocou a morte de pelo menos cinco pessoas no norte da Rússia, Moscou reconheceu, na segunda-feira (12), que o acidente está ligado a testes de "novas armas". O especialista Mathieu Boulègue, pesquisador no think tank de Relações Internacionais Chatham House, afirmou à RFI que o episódio terá “consequências militares”.

Foto da base militar de Nionoska em 2011.
Foto da base militar de Nionoska em 2011. AFP
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Logo após o acidente, o ministério russo da Defesa se limitou a informar que os fatos ocorreram durante o teste de um "motor-foguete de propulsão" a combustível líquido, mas sem vincular o acidente à energia nuclear. Depois, as autoridades afirmaram que "não houve contaminação radioativa", mas a prefeitura de uma cidade próxima à base informou que "registrou uma leve alta da radioatividade". O anúncio foi revisto posteriormente.

De acordo com Mathieu Boulègue, especialista entrevistado pela RFI, se a explosão tivesse acontecido em países como Estados Unidos, França ou Inglaterra, também haveria uma contenção das informações, mas que seriam logo esclarecidas numa entrevista coletiva. “A questão é que a Rússia, além de não ser uma democracia ocidental, vê os segredos de Estado como parte de sua cultura militar e política. Isso explica porque os fatos têm várias interpretações e a comunicação oficial russa seja extremamente fraca”, explica o pesquisador.

Demonstração de poder, ainda que ultrapassada

Mathieu Boulègue afirma que, apesar de ser baixo o risco de contaminação, haverá consequências militares, com diversas interrogações da comunidade internacional a respeito das atividades bélicas russas. “Por que a Rússia desenvolve, hoje, mecanismos intercontinentais com propulsão nuclear?”, questiona. “As armas com propulsão nuclear não trazem nada de novo, é uma tecnologia que foi rapidamente abandonada pois foi julgada como ‘muito perigosa’. (...) Ela seria, em teoria, capaz de dar a volta na Terra várias vezes antes de atingir seu alvo.”

Os questionamentos em torno do ocorrido na Rússia parecem estar longe de serem respondidos, mas se encaixam no contexto de demonstração de poderio bélico da parte do governo. “Vladimir Putin revelou, em março de 2018, imagens espetaculares de mísseis numa tela. São como ‘estrelas da morte’ e fazem parte de um simbolismo militar russo que demonstra o poder e a tecnologia. Mas isso pode ser contestado agora com o recente acidente”, brinca Mathieu Boulègue.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na segunda-feira que tinha muitos detalhes sobre a explosão, e afirmou que o Exército americano possui uma arma similar. Mas o especialista em armas nucleares Joe Cirincione desmentiu o chefe da Casa Branca: "Isto é raro. Não temos um programa de mísseis de cruzeiro com propulsão nuclear. Tentamos desenvolver algo parecido nos anos 1960, mais foi excessivamente delirante, inviável e cruel, mesmo para aqueles anos de Guerra Fria".

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