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Hong Kong / Protestos

Revolta em Hong Kong deve transformar a Ásia, diz Le Figaro

O jornal Le Figaro desta segunda-feira (5) destaca em seu editorial a situação cada vez mais tensa entre os manifestantes em Hong Kong e as autoridades. No domingo (4), as forças de ordem voltaram a entrar em conflito com manifestantes, no mesmo dia em que Pequim prometeu “não ficar de braços cruzados” frente às “forças miseráveis” que ameaçam os fundamentos do princípio "um país, dois sistemas", estabelecido para a retrocessão desta ex-colônia britânica.

Cartaz colado por manifestantes critica o posicionamento da chefe de governo de Hong Kong Carrie Lam, 05/08/2019
Cartaz colado por manifestantes critica o posicionamento da chefe de governo de Hong Kong Carrie Lam, 05/08/2019 REUTERS/Kim Kyung-Hoon
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Para o editor chefe do Le Figaro, Arnaud de La Grange, o “futuro da Ásia” pode estar se moldando graças aos protestos que começaram há oito semanas. Em sua análise, o jornalista lembra que há exatos 30 anos acontecia o massacre da Praça da Paz Celestial, também chamada de Tian'anmen. “É como se as ‘almas errantes’ massacradas em Pequim em 1989 estivessem transmitindo um pouco de força aos manifestantes que decidiram se rebelar contra o autoritarismo”, escreve La Grange.

Ele lembra que até pouco tempo atrás, todos pensavam que os moradores de Hong Kong eram materialistas demais, mais preocupados pelos negócios e pela prosperidade do que pelas liberdades civis. “Mas eles mostraram que estão prontos a lutar por sua identidade, seus direitos, mesmo sabendo que estão quase sozinhos na tarefa de resistir ao ‘rolo compressor’ chinês”, afirma o editorialista.

Forças desiguais

“Mas as forças parecem desiguais. De um lado temos uma a potência mundial emergente, do outro, um pedaço de território que herdou da história um status especial. Uma singularidade política que deve terminar em 2047. Um prazo muito longínquo para as autoridades chinesas que, ano após ano, tentam deixar Hong Kong cada vez mais dependente politicamente”, analisa La Grange.

Para ele, os acontecimentos das últimas semanas é um “tapa na cara” do presidente chinês Xi Jinping. “Aquele que pretende reinar com punho de ferro sobre mais de 1,4 bilhão de pessoas está sendo desafiado por 7 milhões de honcongueses. Confiantes demais, os dirigentes comunistas fizeram um erro de cálculo, arriscando sua credibilidade”, afirma o jornalista.

Ditadura ou caos

La Grange lembra que Pequim ainda tenta vender a ideia de que em seus territórios, é preciso escolher entre a ditadura ou o caos. “Hong Kong e Taiwan estão aí para desmentir esse clichê que, infelizmente, ainda se espalha pelos países do Ocidente”, relata o editorialista.

“Nas ruas de Hong Kong, é mais do que o futuro da ‘Wall Street asiática’ que está em jogo. É o futuro político da China, e até o de toda a Ásia. O canto dos jovens honcongueses é a mais bela resposta ao refrão do autoritarismo”, conclui Arnaud de La Grange.

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